Acima do Ben e do Mao

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor do correto e do coreto

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 30/05/2023
Horário 05:30

Outro dia fiquei cá com meus botões - e com minha braguilha- pensando nessa antiga peleja do bem contra o mal. Depois de milênios de história da humanidade, parece que o mal leva vantagem na luta contra o bem. Sei não, mas, se continuar levando vantagem (seria a Lei de Gerson?), o mal vai acabar ganhando a Copa do Mundo... do Mal. 
A situação só vai melhorar no dia em que o homem perder o medo do homem e, para ser sincero, não sei direito – nem esquerdo – o nome do filósofo que disse essa frase tão profunda, tão profunda quanto poço artesiano. Vai ver o cara que a proferiu era um poço de sabedoria. Cheguei à conclusão de que tiro de letra esse negócio de bem e mal.
Sem querer encher linguiça e outros embutidos, vou logo dizendo que estou acima dos dois, quer dizer, estou acima do Ben Affleck e do Mao Tsé-tung. Muitos israelenses estão na mesma condição do papai aqui, pois eles ficam acima do Ben Gurion. Já acima do Mao não posso afirmar nada até porque não sei se há algum judeu chamado Mao. 
A exemplo dos judeus, há também muitos árabes que estão acima do Ben, principalmente os argelinos, que estão acima do Ben Bella. Também não sei se há algum árabe chamado Mao e, por isso, essa história do “acima do Ben e do Mao” fica incompleta entre árabes e judeus. Há muitos Bens entre os dois povos e pouco bem, a julgar pelo que acontece no Oriente Médio, onde o pau come (epa!) solto desde 1948.
Por falar em bem, quem fazia o bem era o Ben-Hur, mas ai de quem pisasse em seu calo de estimação, que certamente estava à mostra até porque ele usava sandálias não-havaianas. Ben justificava o prenome, ou seja, era homem de bem. 
Só que ele não era bobo nem nada e não hesitou em dar um chega pra lá no Messala, que, falando nisso, não era marido da Messalina. Messala se meteu a besta e entrou Ben, quer dizer, entrou bem na corrida de bigas, onde bateu as sandálias romanas e outros calçados. 
Ben-Hur se vingou do amigo de infância, que o prejudicou e à sua família, mas acabou assistindo ao Sermão da Montanha, graças ao William Wyler, e decerto nunca mais se vingou de ninguém. Depois de assistir ao sermão, Ben-Hur deve ter vivido os melhores anos de sua vida, sem horas de desespero ou qualquer sublime tentação ao seu redor (sem querer querendo mencionei os filmes Ben-Hur, “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”, “Horas de Desespero” e “Sublime Tentação”, dirigidos pelo notável cineasta William Wyler).
São muitos os atores chamados Ben, a começar pelo já citado Ben Affleck, que nem se dá ao trabalho de “flechar” as mulheres, pois elas caem aos seus pés, assim como o Brasil caía aos pés do FMI. Lembram do Ben Johnson? Nem sempre ele foi do bem em seus filmes, e Shane (“Os Brutos Também Amam”) é o melhor exemplo disso. 
Nesse faroeste magistral, dirigido pelo fabuloso diretor George Stevens, Ben Johnson interpreta o vilão Chris Calloway, que briga feio com Shane (Alan Ladd). É talvez a melhor briga de socos da história do cinema. Mas Ben Johnson tem seu homônimo no esporte. É o atleta Ben Johnson, que corria mais que boato em Brasília. O diabo é que ele tomava uma injeção igualmente do diabo e perdeu a medalha de ouro nas Olimpíadas de Seul, quando foi pego no exame antidoping. Ben praticou o mal no atletismo e faz tempo que não se fala mais dele.
E o que dizer do camarada Mao Tsé-tung? Bem, penso que num primeiro momento ele foi um Mao necessário para os chineses. Já num segundo momento falou grosso com os americanos, tachando os EUA de tigre de papel. Mao dizia que o poder está na ponta do fuzil, o que talvez seja verdade verdadeira. 
Afinal, quem tem armas tem o poder. Basta lembrar das manifestações de mulheres de militares em Brasília e no Rio de Janeiro há algum tempo atrás, protestando em nome do Partido Verde Oliva (o maior do Brasil, lembrai-vos), que tem uns 350 mil militantes e, no frigir das claras e das gemas, dá as cartas e quem não gostar que vá reclamar com o papa Francisco. 
Para exigir melhores soldos aos maridos, elas simplesmente mostraram faixas onde se liam, em letras garrafais, coisas como “Militar é Patriota, Mas Não é Idiota” e “Quem Tem o Fuzil na Mão Fome Não Passa Não”. 
Nada disso parece ter sensibilizado o governo de então, que deu mostras de que não conhece o Brasil e muito menos o pensamento do escritor Mario Vargas Lhosa sobre os militares. Depois de tanta reflexão sobre o Ben e o Mao, consultei Vovó Izaltina e ela, de bate-pronto, respondeu: “Meu garoto, bota na tua cabeça o seguinte: neste mundo não há Ben Affleck que sempre dure nem Mao Tsé-tung que não se acabe”.
 
DROPS DO STANISLAW PONTE PRETA

Nem o diabo entende de mulher, se entendesse não teria chifre nem rabo.

Do jeito que a coisa vai em breve o terceiro sexo será o segundo.

Ou restaure-se a moralidade ou todos se locupletem.

Carro é como mulher, bom para quem tem dois.
 

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