Acto e Passio

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 18/10/2022
Horário 04:30

“...Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu e vestistes-me; adoeci e visitastes-me; estive na prisão e foste me ver...”. Mt 25:35-36

Com bastante atraso, em setembro celebrou-se o Dia de Cosme e Damião na Igreja Católica Apostólica. Para fazer jus à história da cristandade e trazer conhecimento sobre importantes nomes da fé, apelo à leitura do texto.
Durante o século terceiro, uma família fiel a Cristo viu-se destruída pela morte do Pai durante a perseguição do imperador romano Dioclesiano. A mãe, Teodata, mantendo-se firme continuou a propagar a sua fé e a ensinar seus filhos, Acta e Passio, sobre o verdadeiro e grande ensino de Jesus: servir ao próximo de maneira desinteressada e o testemunho da fé.
Seus filhos, gêmeos e médicos, passaram a dedicar suas vidas a cuidar de enfermos (sem cobrar nada em troca), promover a diaconia e a proteger os cristãos dando com suas vidas um grande testemunho cristão. Contrariado, pela força do testemunho de ambos, o imperador ordenou a prisão dos dois obrigando-os a negarem a Cristo e a fé que professavam.
Os irmãos se recusaram e não cederam às torturas e pressões do imperador e seus guardas. Tiveram as suas vidas subtraídas por decapitação, em 27 de setembro, por volta do ano 287 DC. 
O exemplo destes dois irmãos mártires do cristianismo, que tiveram seus nomes latinos afamados, Cosme e Damião, passou a acompanhar a Igreja por conta de diversos relatos de milagres a eles atribuídos incluindo a cura do imperador Justiniano.
No Brasil, o sincretismo religioso promovido pelos negros como forma de preservar os cultos de raízes ancestrais, associando santos católicos a orixás, acabou por promover a fusão dos irmãos ao culto dos meninos de Angola, entidades espirituais que tinham a tarefa de curar e proteger os fiéis, em especial as crianças, criando a conexão histórica entre os jovens médicos cristãos da Ásia Menor com os jovens espíritos da África.
Essa história é contada, primeiro para resgatar um belo exemplo de dedicação e fé, de compromisso com o evangelho de uma família Cristã que foi destruída, mas não aceitou em nenhum momento de viver a Cristo e seu amor. Fizeram parte de um tempo em que a Igreja não tinha templos, vivenciava a simplicidade da fé e cristãos eram perseguidos e mortos apenas pelo amor a Jesus Cristo. 
Outro motivo do texto é mostrar como a falta de liberdade religiosa pode destruir uma cultura cristã ancestral e fazer com que os cristãos não aprendam o precioso exemplo dos irmãos Acta e Passio. Daqui decorre a importância de que o país seja laico e a liberdade religiosa continue firme em nosso Brasil.
E por fim, trazer à memória o exemplo de pessoas que dedicaram suas vidas para fazer o bem, amar ao próximo testemunhando que, do mesmo jeito que Cristo se entregou pelo ser humano, devemos nos entregar por aquele que tem fome e sede de justiça, que tem frio e está doente. 
Que o exemplo de Acta e Passio nos faça lembrar das palavras de Cristo e nos leve a socorrer os que estão necessitados, refugiados, exilados, doentes, presos e carecem de conhecer o amor e a glória de Deus. 
 

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