Adelmo Vanalli: amor pelo jornalismo

​​​​​​​Faleceu na tarde deste domingo, o jornalista Adelmo Santos Reis Vanalli, aos 87 anos, ex-diretor de redação de O Imparcial

PRUDENTE - ALINE MARTINS

Data 05/12/2021
Horário 22:25
Foto: Arquivo
Adelmo Vanalli deixa legado importante no jornalismo
Adelmo Vanalli deixa legado importante no jornalismo

Faleceu na tarde deste domingo, o jornalista Adelmo Santos Reis Vanalli, aos 87 anos, ex-diretor de redação de O Imparcial, empresa que comandou ao lado de Deodato da Silva e Mario Peretti (in memoriam) por mais de 50 anos. Dono de um texto irretocável, sempre foi presença diária no jornal. Atualizado por todos os jornais, sua experiência era voz para os mais jovens, mesmo, muitas vezes, no silêncio. Amante da culinária, em diversas oportunidades comandou os agitados almoços do jornal aos sábados, com muito sabor e dedicação. Jornalista respeitado e de uma ética ímpar. O velório será na Funerária Interplan, em Prudente, a partir das 7h. O sepultamento será nesta segunda-feira, no Cemitério São João Batista, às 16h.

Adelmo Vanalli deixou sua esposa, Dinorah Vanalli, companheira de vida por 66 anos, com quem teve cinco filhos: Marco Aurelio, Marco Polo, Marco Tulio, Marcela e Múcia. Natural de Presidente Venceslau, começou sua vida profissional nas rádios desta cidade. Ainda novo, foi para Presidente Prudente, município que ganhou seu coração, onde enraizou sua vida, casou, construiu família e fez sua marca no jornalismo regional. Trabalhou também em rádio em Prudente e depois passou a trabalhar em O Imparcial. “Falar do meu pai é simples. Uma pessoa recatada que amava o que fazia”, enfatiza Marco Tulio Vanalli, um dos filhos. “Meu pai amava a vida, a família e os bons e poucos amigos que mantinha. Dedicou sua vida ao jornalismo, ao jornal em prol de uma outra coisa que ele também amava: Presidente Prudente”. Conta que foi um homem que sempre pregou a retidão, justo com o que escrevia. “ele sabia colocar no papel o que o leitor esperava. Tinha essa facilidade com as palavras. Uma pessoa muito tranquila. No jornalismo teve seus ‘combatentes’, mas sempre com muito respeito”, frisa Marco Tulio.

O filho salienta que seu pai deixa um importante legado. “Infelizmente esse homem se foi. Estamos reunidos, família toda, sabendo de tudo o que ele deixou para a classe jornalística. Muitos profissionais se inspiram no jeito dele de levar essa profissão. Ele deixa saudades e, infelizmente, o jornalismo perde a pessoa, mas fica seus preceitos, seus ensinamentos, sua retidão”.

Adelmo deixa sua marca na história do jornalismo de Presidente Prudente e região. Com sua escrita, colaborou na contação de muitos fatos e sua vida se mistura com o jornalismo e a história de O Imparcial. “Ninguém nunca se comparou a Adelmo dos Santos Reis Vanalli. Esse foi ‘O jornalista’. Escreveu editoriais memoráveis e crônicas perfeitas. Seu texto tinha qualidade nos detalhes, era leve, preciso, irretocável, incomparavelmente belo. Eu recortava e colava seus melhores textos num caderno e relia várias vezes. Eu sonhava ser um Adelmo Vanalli. Não consegui ser igual ele. Mas aprendi a ser gente”, ressalta Sinomar Calmona, jornalista e diretor de O Imparcial. Lembra ainda que a frase “credibilidade é tudo” era seu mantra. “Essa aula eu absorvi bem. Meu grande privilégio foi conviver com ele, na mesma sala, diariamente, por muitos anos. Aprendia até com o seu silêncio. Inteligentíssimo, falava pouco, mas agia de forma assertiva. Seus movimentos repercutiam, seu texto do dia seguinte dizia tudo”, enfatiza Sinomar.

Deodato da Silva, companheiro de trabalho de muitos anos, se despede do amigo. “Tristeza profunda. Companheirismo no trabalho e amizade incondicional de mais de 50 anos. Adelmo forjou sua obsessão pelo jornalismo pela via da ética, apreço à qualidade da informação, e no discernimento na opinião. Com ele, grande parte do romantismo do meio desaparece, mas, certamente, seu legado estará inspirando tantas outras figuras comprometidas com a comunicação. Assim cremos”, destaca.

Vania Nilva Ferreira, gerente administrativa de O Imparcial, enfatiza que Adelmo não foi só um patrão. “Era um amigo, um bom conselheiro. Apesar de ser calado, tinha palavras certeiras para falar quando precisávamos. O que ele gostava mesmo era escrever seus editoriais e que, realmente, eram impecáveis e que toda a manhã a gente fazia questão de abrir o jornal e ler. Ele sempre na sala dele, quieto, lendo todos os jornais que tinha, que eram entregues para ele. Sempre no canto dele, mas observava tudo, olhava tudo. Era um amigo”, diz.

Ela lembra a paixão dele pela culinária e como gostava de cozinhar para os colaboradores do jornal. “Gostava muito de cozinhar e eu também. Quando nos reuníamos em confraternização. Íamos para a cozinha, fazer suas comidas, como a feijoada e eu ficava o auxiliando. Ele não gostava que colocasse as mãos em seu tempero. Tudo o que ele fazia era muito gostoso, pois fazia com amor e dedicação para todos os funcionários. Muito triste a sua partida. Que Deus dê o devido consolo a toda a sua família. Ele está com Deus”, frisa Vania.

 

LUTO OFICIAL

O prefeito Ed Thomas (PSB) declarou, nesta segunda-feira, luto oficial por três dias pelo falecimento de Adelmo Vanalli, “considerando o importante papel e a imensurável contribuição que o jornalista, ao longo de sua vida, representou para toda a imprensa escrita da cidade”.

O chefe do Executivo ressaltou ao O Imparcial, suas boas lembranças para com o jornalista, desde que começou nas rádios de Prudente. “Já estive lado a lado com ele, primeiro atrás de uma máquina de escrever e depois do computador. Ele vivia e exercia a informação. Foi um ícone, uma referência no jornalismo de Prudente”, destaca o prefeito.

Frisa ainda que o mínimo que poderia fazer era essa homenagem com o luto oficial. “Um jornalista incrível. Pautou a imprensa estadual e nacional. Fica seu legado”, diz.

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