Afeganistão

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 21/08/2021
Horário 04:30

A crise humanitária em que passa a população do Afeganistão ou agora autodeclarado Emirado Islâmico do Afeganistão nos faz compadecer por esta dura realidade e por outro lado nos leva a darmos mais valor aos desafios que enfrentamos no Brasil. Este país asiático, cuja população supera os 38 milhões de habitantes, há muito tem sido palco de guerras e agora enfrenta mais um capítulo do conflito com a volta do Talibã ao poder. Civis vulneráveis, onde o único pecado é ter nascido numa área de guerra, estão sob tensão e pelo que se tem visto nos noticiários – apavorados!
Quem não se lembra da paquistanesa Malala Yousafzay que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2014? Malala foi baleada no ônibus escolar, pelo Talibã, porque cometeu “o crime” de estudar, sobreviveu por um milagre. Esta é apenas uma atrocidade dentre muitas outras anônimas. O Talibã é considerado extremo radical por interpretar e aplicar a Sharia, a Lei Islâmica, com rigor. Apesar de prometerem perdão a todos e declararem que “pegarão leve”, o que se viu na história foram mulheres proibidas de trabalhar, estudar. Obrigadas a usar a burca, vestes que cobrem todo o corpo da mulher afegã, e execuções públicas daquelas acusadas de crimes.
O Talibã governou o Afeganistão entre 1996 e 2001. Foi expulso pelos Estados Unidos e seus aliados depois do atentado que matou em torno de 3 mil pessoas, centenas de milhares de feridos e levaram as torres gêmeas do World Trade Center a se transformarem em escombros e poeira. Depois de 20 anos, com a retirada das tropas americanas, o Talibã retoma o poder em 15 de agosto de 2021 com a promessa de que o regime será moderado: por exemplo, mulheres poderão trabalhar e estudar desde que sigam as regras da Sharia. Contudo, o que se vê nos noticiários é o caos e o desespero de muitos que lá vivem.
Por trás destes lamentáveis fatos, existe um jogo pelo poder de potências, como Rússia, China, Paquistão, Irã, Estados Unidos, dentre outros que defendem os seus próprios interesses no território afegão. Os cidadãos deste país estão entre a possibilidade de fugir para algum lugar ou se submeter ao novo governo e suas promessas de moderação. Ao que tudo indica, fugir tem sido a escolha, mesmo que isto signifique segurar-se na fuselagem de aviões e entregar os filhos ainda pequenos para soldados desconhecidos. A nós, resta agradecer pelos desafios que enfrentamos na política, saúde, economia e segurança no Brasil e rezar por aqueles que vivem sob o caos e a incerteza.
 

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