Agricultor encontra supostos fósseis em Anastácio

REGIÃO - ANDRÉ ESTEVES

Data 01/04/2018
Horário 06:54
Mariane Gaspareto, Gilberto Teles encontrou material em propriedade de Santo Anastácio
Mariane Gaspareto, Gilberto Teles encontrou material em propriedade de Santo Anastácio

Apesar de ser leigo no assunto, o agricultor Gilberto Teles dos Santos, 63 anos, morador de Santo Anastácio, pode ter feito um achado paleontológico na região. Ele encontrou supostos fósseis em uma propriedade localizada no município e agora está em busca de pessoas que possam se interessar pelo material. Considerando que, de acordo com o Cemaarq (Centro de Museologia, Antropologia e Arqueologia), da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), Presidente Prudente não dispõe de um paleontólogo, a reportagem entrou em contato com William Roberto Nava, coordenador do Museu de Paleontologia de Marília (SP), para verificar a procedência dos vestígios.

Embora tenha visto apenas fotos, o especialista reconhece que se tratam de fragmentos fossilizados de cascos de tartarugas, relativamente comuns em rochas de arenito do oeste paulista, notadamente em Prudente, Pirapozinho, Adamantina e outras cidades. “Esses fósseis geralmente ocorrem associados a ossos de dinossauros, crocodilos e outros vertebrados”, expõe. Ele conta que, em Prudente, já encontrou dezenas de cascos de fósseis de tartarugas, inclusive às margens da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), no perímetro de Prudente.

A respeito de sua descoberta, Gilberto relata que, em dias de folga, costuma visitar fazendas para descansar e entrar em contato com a natureza, sobretudo nos lugares mais altos e cercados por rochas. Em uma dessas ocasiões, notou algo diferente no solo de uma propriedade. “Recentemente, as máquinas da fazenda haviam arrumado as curvas de nível e quebrado as pedras. Certamente, o tratorista nem percebeu o que estava no meio do solo, mas eu comecei a analisar e, na hora, tive certeza que se tratavam de fósseis”, narra o agricultor, que naquele momento se recordou das reportagens acerca do assunto que tinha acompanhado na televisão. Ele levou o material para casa e, passados 20 dias e com a terra mais lavrada, retornou ao local, onde constatou pedaços maiores. “Eu achei muito legal e tenho mostrado para todos os meus amigos. A gente se diverte muito”, comenta.

 

Reconhecimento de fósseis

O paleontólogo William explica que pessoas leigas podem confundir rochas com fósseis, o que é normal e compreensível, uma vez que não são objeto de estudo delas. Nesse sentido, ao se deparar com um material “diferente” no solo, caso não saiba identificá-lo, a orientação é que o indivíduo procure um Museu de Paleontologia para obter mais informações. Como não há um em Prudente, o de Marília é o mais próximo. “Normalmente, as pessoas me procuram, pois sou paleontólogo há 25 anos. Comecei em abril de 1993, quando achei um fóssil de ‘dino’ aqui em Marília. Acabou virando a minha profissão, pois fui o primeiro mariliense a encontrar um fóssil na cidade”, rememora.

O especialista esclarece que os fósseis estão incrustrados principalmente em rochas sedimentares, como as que existem em todo o oeste paulista, incluindo Marília e Prudente. Geralmente, são encontrados onde tais rochas estão expostas, como, por exemplo, margens de rodovias, estradas vicinais, erosão de terreno, interior de sítios e fazendas ou quando alguém escava o solo para fazer um poço. Os locais que os abrigam são chamados de sítios paleontológicos e não podem ser confundidos com sítios arqueológicos, pois estes têm vestígios humanos, como artefatos, urnas, objetos, etc. “Vale ressaltar que todo fóssil tem importância científica, mas nenhum valor comercial. As pessoas imaginam que valem dinheiro, mas não”, salienta.

O geólogo da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Décio Lima de Vasconcelos Junior, complementa que apesar de Prudente não dispor de museu, as universidades estão abertas para doações de materiais, que são destinados para o acervo das instituições e laboratórios de pesquisa de estudo, servindo para fins acadêmicos. “Os fósseis são utilizados para que estudantes aprendam a distinguir e verificar estruturas ou então podem ser expostos para a visita de escolas de ensino fundamental e médio”, pontua.

 

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