Alerta aos produtores

Cristiano Machado

Período de queimadas pode chegar mais cedo; coordenadores de desenvolvimento rural defendem ações preventivas

COLUNA - Cristiano Machado

Data 16/04/2021
Horário 06:30
Foto: Agricultura SP/Divulgação 
Preocupação dos técnicos se estende ao oeste e noroeste de São Paulo, nas regiões de Araçatuba, Barretos, Presidente Prudente
Preocupação dos técnicos se estende ao oeste e noroeste de São Paulo, nas regiões de Araçatuba, Barretos, Presidente Prudente

“Nesse momento temos que estar alertas e antecipar as precauções, pois a tendência este ano é termos um inverno seco, com umidade baixa (não chove há 40 dias) e as queimadas, que normalmente acontecem em julho e agosto, podem ocorrer antes este ano”. O alerta é do diretor da CDRS (Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável) de Presidente Prudente, Marco Aurélio Fernandes. Ele reforça que a região também tem grandes áreas de pastagens e cana, ou seja, condições favoráveis às queimadas. “Embora não se deva promover a queima de lixo em propriedades rurais, os produtores acabam fazendo isso, só que nesta época do ano, de baixa umidade, uma pequena fagulha pode ser responsável por um grande incêndio. O ideal é ter ações coordenadas para atuar em casos de prevenção ou ocorrência de incêndios, unindo os órgãos de governo, municipal e estadual, e a sociedade civil”. 
Em Presidente Venceslau, não chove há quase 50 dias e a situação é preocupante. “Ainda estamos este ano sofrendo os efeitos do La Niña, pois era para ter chovido mais e a chuva não ocorreu. Os prejuízos são visíveis: cerca de 40% na safra do milho safrinha, que está em plena safra; as pastagens só devem aguentar mais uns dias sem chuva; e, enquanto isso, o preço do feno para alimentação animal durante a estiagem está subindo, deixando a rentabilidade nas cadeias produtivas da pecuária de corte e leiteira reduzidas pelo custo mais alto de produção”, relata Felipe Melhado, diretor da CDRS Presidente Venceslau, que confirma: “Os produtores já estão fazendo os aceiros e se preparando, porque o risco de queimadas é iminente, embora ainda seja esperado um pouco de chuva antes do longo período de estiagem”.

“Estamos saindo do período das águas e não choveu!”

Outro alerta é feito pelo engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Andrey Vetorelli, que atua na região noroeste do Estado, na CDRS de São José do Rio Preto, onde a cana-de-açúcar predomina na paisagem. “Estamos saindo do período das águas e não choveu!”. Ele continua: “As matas nativas, seringueiras e a cana-de-açúcar se tornam um barril de pólvora por si só. Qualquer queimada pode virar um incêndio de grandes proporções, mas as áreas de pastagens também sofrem e a preocupação dos técnicos se estende a toda essa região de Araçatuba, Barretos, Presidente Prudente e outras que já têm pasto seco agora, bem como represas vazias, que deveriam estar cheias, porque estamos saindo do período das águas”. 

Muitas queimadas poderão ser registradas 

Elas acontecem com maior frequência em propriedades rurais que ficam às margens das estradas, onde qualquer toco de cigarro jogado inescrupulosamente pode vir a causar um incêndio de maiores proporções devido ao mato estar muito seco nesta época, sendo material de fácil combustão. Alguns incêndios são criminosos, outros podem ser causados por raios, e, ainda outros, por descuido na limpeza de terrenos; até um caco de vidro, uma lata, um pedaço de metal podem ser responsáveis por dar início ao fogo que, sem controle, pode consumir grandes áreas de plantações ou matas.
“Os proprietários de áreas rurais precisam ficar atentos para evitar incêndios de grandes proporções em suas lavouras, e sempre é bom reforçar as medidas de prevenção, já que fatores como o aumento da incidência de ventos, a baixa umidade relativa do ar e a falta de chuvas contribuem para que eles ocorram”, lembra Vetorelli. 

Os danos causados pelas queimadas 

“O fogo pode causar inúmeros danos, além da queimada em si, como matar os micro-organismos do solo e destruir a matéria orgânica, consequentemente empobrecendo-o para o cultivo. Mata também os animais silvestres, deixando como saldo prejuízos com a queima de estruturas como cercas e, sendo em áreas de pastagens ou cultivos, pode inviabilizar toda a produção naquele espaço. O fogo também pode atingir a rede elétrica e provocar um aumento nos danos. “As áreas mais vulneráveis são aquelas com cana, pastagens, fruticultura, eucaliptos, seringueiras e matas nativas”, explicam os técnicos, e essas culturas englobam boa parte do Estado de São Paulo; portanto, atenção e prevenção devem ser redobradas neste período. (Com informações de Paloma Minke, da Secretaria da Agricultura de São Paulo)


“A safra 20/21 pôs à prova mais uma vez a resiliência do setor perante adversidades e reforçou o comprometimento que temos com a sociedade e nossos colaboradores. Doamos 1 milhão de litros de álcool 70 para as secretarias de saúde de nove Estados e reorganizamos processos seguindo protocolos de sanidade para manter o abastecimento da população ao mesmo tempo que preservamos a saúde dos colaboradores”. 
Evandro Gussi, presidente da Única (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), ao comentar recente balanço da safra de cana-de-açúcar no Brasil. 
 

Período desfavorável ao pecuarista terminador 

Conforme a média da parcial de abril, o pecuarista terminador do Estado de São Paulo precisa de 9,89 arrobas de boi gordo para comprar um animal de reposição em Mato Grosso do Sul, 5,72% a mais que em março e 5,74% acima do verificado em abril do ano passado. Trata-se, também, da maior quantidade já necessária de arrobas para aquisição de um animal de reposição. Levantamento do Cepea indica que os preços do boi e do bezerro são recordes e seguem em alta, mas os do animal de reposição sobem com mais intensidade que os do animal para abate. Com isso, muitos terminadores consultados pelo Cepea mostram cautela na compra de novos lotes de bezerro, mesmo diante dos elevados preços da arroba do boi gordo. Esses dados, ainda conforme o Cepea, mostram que a atual relação de troca de arrobas de boi gordo por bezerro é a mais desfavorável ao terminador, considerando-se toda a série histórica. (Com informações do Cepea)

Wenderson Araujo/Trilux/CNA

Preços do boi e do bezerro são recordes e seguem em alta

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