Algodão levanta cidade nos anos 30

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 14/09/2017
Horário 14:07

De acordo com o historiador Ronaldo Macedo, a economia de Presidente Prudente surge tendo como o primeiro investimento, o café. Mas, a cidade pegou o fim do seu ciclo. Em 1918, Marcondes perdeu tudo, inclusive a Casa Comissária de Café, por conta de uma geada e também da Primeira Guerra Mundial. Nos anos 1920, Prudente entrou em uma valorização desses grãos. Mas, quando vem a crise de 29, nos Estados Unidos, o café afunda todo mundo, e a cidade também perde espaço. Então, diferente do que muitos acreditam, o café não foi o principal elemento da economia, ele apenas trouxe muita gente para trabalhar. Mas, quem levanta a cidade nos anos 1930 é o algodão.

O Estado começa a incentivar o plantio para vender para a Alemanha, que era o maior comprador do Brasil, que tinha um produto não tão bom como dos Estados Unidos, mas de boa qualidade, acessível. Então se faz pesquisas, cada região tinha sua semente, se cria o expurgo, onde hoje é o Poupatempo, em que se carregava e descarregava produtos vindos da ferrovia.

“O algodão começa a levantar Prudente, não só trazendo a área agrícola, mas produz duas vezes por ano, é muito mais rápido que o café, o mundo inteiro comprava, a oferta nunca cobria a procura, o preço subia e é aí que chegam as indústrias Sanbra, Anderson Cleyton, Matarazzo, Máquinas Esteves, Braswey, uma série delas. E o grande momento da economia de Prudente é em 1940”, destaca Ronaldo.

Com a Segunda Guerra Mundial, mesmo que se tenha perdido o mercado para a Alemanha, se abriu para o mundo. Sem contar que, ao mesmo tempo se produzia a seda (o bicho da seda para se fazer paraquedas), o rami (fibra, cordas) e a mamona (óleo lubrificante). E o grande ciclo com a menta, que já vinha dos anos 1930, com o fechamento do mercado no Japão, com a guerra nos Estados Unidos, chega a Prudente, que começa a produzi-la, assim como o mentol, para indústria de aviação e farmacêutica. O auge da menta foi na Segunda Guerra Mundial, que tinha cotação diária, tudo que se plantava, se vendia, enriqueceu muita gente.

“Por isso, a menta e o algodão estão na bandeira do município, e não o café. Mas, assim que a guerra acabou, e o mercado reabriu, o ciclo chegou ao seu fim. Prudente foi o maior produtor de menta no Brasil. Aqui já se pode ver a importância dessa cidade. No momento geral da economia nacional, ela estava ali”, recorda o historiador.

Ronaldo destaca que é importante saber que quando o algodão começa a perder força, entra em cena o amendoim, porque a mesma máquina que trabalhava o algodão, era usada com o amendoim, produzindo subproduto para o gado que já vinha de mansinho.

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