É impressionante o número de “especialistas” em alimentos e dietas nas redes sociais. Um vídeo curioso e engraçado é de uma mulher que resolve tornar sua alimentação mais saudável, mas para cada alimento que vai consumir, aparece um “especialista” e diz que aquele alimento faz mal. Curioso que os alimentos escolhidos eram realmente saudáveis, mas não para os “especialistas”. Na concepção de muitos deles, nem aveia, frutas ou leite, entre outros, são saudáveis. Incrível.
A INFLAMAÇÃO
A escola dos “especialistas” parece ter sido a UniRedesSociais e os professores os gurus (alguns com formação) que ignoram o conhecimento científico. Optam por iludir os seguidores com informações estapafúrdias. Nos últimos anos a inflamação passou a ser bastante estudada e há muitos conceitos aplicáveis à nossa saúde e longevidade (leia o texto anterior). No entanto, os “especialistas” se apropriaram do termo e o banalizaram para justificar suas terapias e produtos divulgados e vendidos sem qualquer escrúpulo, mesmo colocando em risco a saúde do paciente leigo e desavisado.
TUDO INFLAMA
Glúten é inflamatório. Açúcar é inflamatório. Leite idem. Óleos vegetais idem. E a lista segue de acordo com a criatividade e conveniência para o “especialista” chamar sua atenção, criar um problema para sua saúde e vender uma terapia, em geral, bastante onerosa. Curioso é que nos livros e artigos científicos NÃO se encontra nenhuma alimento inequivocamente classificado como inflamatório. Obviamente, na população há pessoas que podem sofrer reações adversas (alergia e inflamação) ao consumir determinados alimentos. Pessoas com doença Celíaca, de Crohn e intolerância a lactose são exemplos.
CAUSA DA INFLAMAÇÃO
Alimentos ricos em açúcar, farinha e outros carboidratos, assim como doces ricos em carboidratos e gorduras podem contribuir com a inflamação quando consumidos em exagero, mas de modo apenas indireto. O excesso de consumo leva ao acúmulo de gordura, que provoca sobrepeso e obesidade. As células adiposas (tecido adiposo), quando acumulam excesso de gordura e “incham”, se tornam mais ativas na produção de proteínas chamadas adipocinas, várias das quais circulam e causam a inflamação sistêmica crônica.
EQUÍVOCOS GRITANTES
Alimentos de origem animal, tais como carnes gordas, banha, bacon, manteiga têm sido recomendados pelos “especialistas” como fontes de “gorduras saudáveis”, mas na contramão da ciência. Tais alimentos são ricos em gordura saturada, que é a precursora para produção de colesterol pelo fígado, provoca aumento do LDL colesterol, causa significativas alterações metabólicas e contribui para sobrepeso e obesidade. Dietas ricas em gordura tendem a causar inflamação no hipotálamo, estrutura nervosa responsável pelo controle da ingestão alimentar.
ANTI-INFLAMATÓRIOS
Alimentos fontes de ácidos graxos ômega-3, probióticos e outros componentes funcionais, tais como nozes, amêndoas, castanhas, linhaça, gergelim, salmão, sardinha, arenque, atum, frutas vermelhas e roxas, abacate, tomate, pimentão, cebola, alho, gengibre e iogurte têm propriedades anti-inflamatórias, assim como o exercício físico. Veja mais no e-book “Alimentos funcionais: saúde e longevidade” (https://go.hotmart.com/C83373910S).
Carnes gordas, banha, bacon, manteiga têm sido recomendados pelos “especialistas” como fontes de “gorduras saudáveis”, na contramão da ciência.
Referências
Bagheri S, Zolghadri S, Stanek A. Beneficial effects of anti-inflammatory diet in modulating gut microbiota and controlling obesity. Nutrients. 2022;14(19):3985. http://dx.doi.org/10.3390/nu14193985
Germolec DR, Shipkowski KA, Frawley RP, Evans E. Markers of inflammation. Methods Mol Biol. 2018;1803:57-79. http://dx.doi.org/10.1007/978-1-4939-8549-4_5
Maleki SJ, Crespo JF, Cabanillas B. Anti-inflammatory effects of flavonoids. Food Chem. 2019;299:125124. http://dx.doi.org/10.1016/j.foodchem.2019.125124
Medzhitov R. Origin and physiological roles of inflammation. Nature. 2008;454(7203):428-35. http://dx.doi.org/10.1038/nature07201
Suzuki K. Chronic inflammation as an immunological abnormality and effectiveness of exercise. Biomolecules. 2019;9(6):223. http://dx.doi.org/10.3390/biom9060223