Amiga que fiz e irmã que ganhei 

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 31/08/2021
Horário 05:00

Amigos tínhamos sido desde o tempo de mocidade, quando ainda iniciávamos a vida nos fins dos anos 70 e início dos 80 em nossa cidade natal.  
Ela já frequentava a igreja protestante quando ali também fui acolhido. Nascera naquela comunidade de irmãos e irmãs e, pelo exemplo e testemunho de sua saudosa mãe, aprendia e vivia o evangelho de Jesus de forma intensa.
Em todas as atividades de juventude cristã, ela estava presente. Mas, particularmente, lembro das visitas em asilos de idosos e orfanatos para cantar, suprir algumas necessidades e levar as boas novas aos que ali residiam.
Chamava-me a atenção a amiga: o carinho e a ternura com que abraçava cada ser humano. Sempre afetiva com todos e muito atenciosa com cada um/uma, talvez por isso tenha se dedicado, de forma tão bela à educação formal. Nesses encontros e desencontros, comuns de mocidade, tornamo-nos bons amigos! 
Fui, particularmente, muito abençoado por sua mãe que, generosamente cuidava de mim, recolhendo uma das mãos que me agraciava em nome da bendita recomendação: segredar e discretamente fazer o bem. 
Foram poucos os anos que estive com a amiga, mas, suficientes para nutrir condescendência, alimentar-se de sacramentos e labutar pelo evangelho ao longo de nossa caminhada cristã! 
Sempre uma boa e leal parceira de travessia! Saudade das risadas sinceras e espontâneas da companheira /amiga de pão (com panis). Saudosa amiga e parceira nas horas mais difíceis da vida e que marcou tão profundamente!
Num tempo árduo e difícil tempo da juventude, soube como ninguém me oferecer o ombro. Naquele dia, marcado e agendado por ela, nada falou apenas se compadeceu e orou como um anjo a libertar-me de temores e medos pastoreando-me assim: estou contigo amigo! Que conforto eu tive e que aprendizagem ganhei naquele dia, para mim inesquecível!
Agora que partiste, sinto enorme saudade e nela reside o encanto do seu ser entre todos/as os que contigo puderam conviver! Enquanto estás distante, o desejo enorme de falar o que, infelizmente, (tu) não podes mais ouvir.
Escrevo, então, para suprir a ausência, minha querida amiga! Disfarçar-me a dor e superar, ainda que por pouco, a distância.  
Quero que saibas o quanto pedi a Deus o seu retorno à família, que lutaste tanto para formá-la. Esposo, filho e tantos agregados que em sua árvore buscavam sombra, repouso e alento como fizeste com o amigo. 
Mas, companheira, expresso minha gratidão por você existir todo esse tempo e em seus fazeres/afazeres dedicar-me: o ombro, a escuta e as orações como boa amiga que sempre foi. 
Assim, triste com sua perda, basta-me a gratidão. Agradeço a Deus por ter me oferecido, em sua gratuidade, uma terna e eterna amiga!
Quando for à nossa cidade tratarei de plantar, num pedacinho de chão da família, uma árvore frondosa a quem chamarei, doravante, de: Amiga de sempre! Descanse em paz!
A amiga morreu de Covid 19. A pandemia ainda não acabou. 

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