André Camara fala sobre a profissão

“O endocrinologista é o especialista em doenças hormonais e metabólicas de crianças, adultos e idosos”

Personagem - DA REDAÇÃO

Data 30/08/2020
Horário 06:40
André Camara: “Prevenir e quando necessário tratar precocemente é fundamental para manutenção de uma boa qualidade de vida”
André Camara: “Prevenir e quando necessário tratar precocemente é fundamental para manutenção de uma boa qualidade de vida”

O endocrinologista André Camara de Oliveira tem 39 anos. É natural de Presidente Prudente. Cursou a Faculdade de Medicina na Unesp de Botucatu, onde formou-se em 2004. Fez residência de Clínica Médica e Endocrinologia e Metabologia na mesma instituição, concluindo sua formação em 2009. Foi professor na Faculdade de Medicina de Presidente Prudente ( Unoeste). Tem consultório e atende em Presidente Prudente desde 2011. À véspera do dia do Endocrinologista, Camara fala sobre a profissão e doenças tratadas pelo especialista da área.

 

Como é a formação do endocrinologista?

Para que um médico se torne endocrinologista (especialista), além da faculdade de medicina, deverá cursar Residência Médica em Clínica Médica por dois anos e Residência Médica em endocrinologia e metabologia por mais dois anos. Outra forma de se tornar especialista é tendo o Título de Especialista da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. No meu caso, possuo Residência Médica em Endocrinologia e também o título de especialista da SBEM.

 

Como saber se meu endocrinologista realmente é especialista?

Para não cair em armadilhas e falsas promessas, sempre que precisar procurar um médico. Cheque pelo site www.cremesp.org se o mesmo possui o RQE (Registro de Qualificação de Especialista) na área referida, sendo de fato especialista. Assim terá mais segurança de que o médico é especialista na área que atua.

 

Quais doenças o endocrinologista trata?

O endocrinologista é o especialista em doenças hormonais e metabólicas de crianças, adultos e idosos. Trata uma série de condições, entre elas: sobrepeso e obesidade; doenças da tireoide como hipotireoidismo, hipertireoidismo, nódulos e câncer de tireoide; diabetes mellitus tipo 1, tipo 2 e outros tipos de diabetes; dislipidemia – alterações do colesterol e/ou do triglicérides; puberdade precoce e atrasada em crianças; alta e baixa estatura em crianças; doenças do metabolismo ósseo como osteopenia, osteoporose e distúrbios de paratireoide; reposição hormonal na menopausa; deficiência de testosterona em homens; doenças da hipófise – hipo ou hiperprodução hormonal da hipófise e/ou nódulo da hipófise; doenças da Adrenal - hipo ou hiperprodução hormonal da adrenal e/ou nódulo da adrenal.

 

Devo ter algum cuidado específico com administração de hormônios para

evitar risco à saúde?

Muito cuidado com falsas promessas como dieta do HCG, “modulação hormonal”, doenças que não existem como fadiga adrenal, além do uso de derivados de testosterona (como oxandrolona, etc) para uso estético de ganho massa muscular. Geralmente são praticados por não especialistas (por isso é importante checar RQE). A SBEM combate esse tipo de prática inadequada, pois além de não ter comprovação científica de benefício à saúde, terapias inadequadas podem fornecer um sério risco à saúde.

 

Porque a obesidade tem sido considerada um dos fatores de risco para complicações da Covid-19?

Obesidade é uma doença crônica e é considerada um fator de risco, pois pode causar: 

1) Sistema imunológico comprometido: pessoas com obesidade têm uma menor atividade citotóxica das células que detectam e destroem invasores, sejam vírus, bactérias. Os adipócitos aumentam a quantidade de substâncias (citocinas) capazes de promover um estado inflamatório crônico.

2) Está associado à outras comorbidades como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas que somadas aumentam ainda mais o risco de complicações.

3) Alterações pulmonares: redução da capacidade pulmonar total relacionado principalmente ao posicionamento anômalo do diafragma, aumento da pressão intra-abdominal e maior resistência da parede torácica. Obesos grau 3 tendem a ser hipoxêmicos (alteração da ventilação-perfusão pulmonar). A resistência nas vias aéreas superiores é elevada e há maior incidência de apneia obstrutiva do sono.

Caso tenha indicação de intubação orotraqueal, o procedimento fica mais difícil de ser realizado em pacientes obesos, pois a circunferência do pescoço é maior, a abertura da boca limitada e há menor mobilização do pescoço. Obesos possuem maior risco de pneumonia aspirativa, devido a maior volume gástrico, maior pressão intra-abdominal e maior incidência de refluxo gastroesofágico.

E caso esse mesmo paciente necessite de cuidados mais intensivos (como na UTI) e de manobras respiratórias encontraremos mais dificuldades para trocar o paciente da posição PRONA para decúbito dorsal.

 

Quais são os sintomas do Diabetes? Quais os riscos do diabetes tratado inadequadamente?

O diabetes mellitus do tipo 2 geralmente é assintomático, porém alguns podem apresentar distúrbios visuais, formigamento em membros inferiores, aumento da fome, aumento do volume da urina, perda ponderal, entre outros. Porém, o diabetes mellitus do tipo 1 já no início da doença apresenta sintomas como: emagrecimento, polifagia, poliúria, polidipsia, entre outros. O diabetes quando tratado de forma incorreta aumenta o risco de apresentar as complicações como: retinopatia diabética, doença renal, parestesia de membros inferiores, doença aterosclerótica e doença cardiovascular como Infarto Agudo do Miocárdio e AVC, entre outras.

 

Dica geral de saúde

Caso não tenha nenhuma contraindicação, pratique pelo menos 150 minutos de atividade física por semana e prefira comer alimentos in natura ao invés de produtos industrializados. Consuma verduras, legumes e salada. Tenha uma dieta equilibrada, ingerido quantidade adequada de proteínas, evite excesso de sal, de carboidratos, de gorduras trans e saturada. Não fume e não abuse do álcool. Prevenir e quando necessário tratar precocemente é fundamental para manutenção de uma boa qualidade de vida.

 

 

 

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