Recentemente a Netflix disponibilizou um documentário sobre o holocausto e Anne Frank. A obra conta os horrores sofridos pela garota, além de cinco sobreviventes que contam as experiências desse período.
Para quem não conhece, Anne era uma garota alemã de família judia, que fugiu para os países baixos no início do holocausto. Sua história é conhecida no mundo todo, pois ela escreveu toda a dor e sofrimento em seu diário. Anne morreu em 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, por conta de tifo, uma doença comum em locais com baixa ou nenhuma higiene.
“Anne Frank – vidas paralelas” é uma produção italiana. A narrativa é guiada por Helen Mirren, através de relatos da garota e, do depoimento de cinco sobreviventes, sendo todas crianças quando começaram a ser caçadas pelos nazistas. Mas conta com uma visão muito íntima da desumanização que existiu na época. Além disso, a narrativa se inicia na jornada de uma jovem, em busca de conhecimento, onde ela vagueia pelos locais em que tudo aconteceu. Contando com uma excelente fotografia, que transita entre o atual e imagens da época (que acabam sendo no mínimo chocantes e angustiantes).
A casa onde tudo aconteceu permanece até hoje como forma de mostrar a resistência, a expectativa que eles tinham em poder sobreviver a aquele inferno e também mostrando que o trauma pode ser repassado aos descendentes.
As diretoras relataram que o projeto é uma tentativa de reacender o debate em relação aos horrores daquela fase, em um momento em que o negacionismo e a banalização “diminuíram” a importância da história. O que torna o crime diferente dos outros é que o agressor era a sociedade mais avançada da civilização ocidental, que não poupou esforços em documentar as atrocidades e experimentos que realizavam naquele período.
Mostra como a garota desenvolveu o pensamento crítico em isolamento, onde ponderava sobre a política e o que acontecia no mundo. Há também o destaque quanto às vivencias e os sentimentos dos sobreviventes que são posicionados de forma que a narrativa proposta se enriqueça a cada cena apresentada. Filmes sobre o holocausto não são difíceis de encontrar, mas nesta enorme lista, destacam-se “A lista de Schindler”, “O zoológico de Varsóvia”, “A vida é bela” e “O pianista”.
A obra mostra a necessidade de denúncias contra crimes humanitários e o combate ao legado sombrio. A ferramenta do desconforto é muito bem empregada para demonstrar que a história não pode ser repetida. É desolador, triste e com uma beleza única!