Aparecida, 300 anos

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 16/10/2017
Horário 10:33

Nasci numa paróquia dedicada a Nossa Senhora Aparecida. Num país cuja padroeira é a mesma Senhora. Ao sair do seminário, a primeira paróquia que me coube morar a atuar também estava sob o patrocínio da imagem pescada nas águas do rio Paraíba do Sul, por três pescadores, hoje, famosos: João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia. A eles foi dada a missão de providenciar pescados para o banquete que a Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá iria oferecer a Dom Pedro de Almeida e Portugal, o Conde de Assumar, que na época também era o Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, e estava visitando a região no período de 17 a 30 de outubro de 1717.

Há em mim uma marca afetiva da devoção mariana. Em finais da década de 1970, no sítio onde morava, era costume rezar terços e novenas com as famílias vizinhas. Um temor reverencial habitava a quase totalidade dos lares. A busca de agradar a Deus pelo jeito de viver e de enfrentar as duras lidas da vida, também estava presente na força da fé do povo enfraquecido pela pobreza e pela escassez de hospital (postos, médicos, remédios), de escola, de transportes etc. Era outra época, certamente. Este ano, o Brasil tão desafortunado com os seus rumos políticos, econômicos e sociais, comemora 300 anos do encontro da imagem da Imaculada Conceição.

Televisões e rádios apresentaram muitos programas contando a história da santa, de milagres, de devoção, de política entremeada. Pouca coisa vi, li, ouvi. Mas o ambiente reacendeu em mim a força da simplicidade da fé. Como afirmou Jesus no evangelho, constatamos diariamente que Deus escondeu os mistérios do seu Reino aos sábios e entendidos, mas os revelou aos pequenos e pobres. Ir à ‘Casa da Mãe’ em Aparecida (SP) é encontrar contrates que tocam a alma. Uma cidade de pequeno porte, abriga a segunda maior basílica católica do mundo, na qual está uma pequena imagem (36cm de altura) responsável por atrair cerca de 12 milhões de peregrinos, fieis, devotos por ano.

Deus derruba poderosos dos tronos e eleva humildes. Deus expande o seu Reino de maneira silenciosa em meio aos contrastes da vida e da história. Ele se manifesta por meio da criação e das criaturas. Ele se deixa conduzir pelos instrumentos escolhidos para dá-Lo ao mundo. E é tudo isso que vejo, sinto e penso na primeira quinzena de outubro. A alma brasileira é devota, e no Santuário de Nossa Senhora Aparecida pulsa o coração católico do Brasil. O Santo Padre Francisco enviou uma vídeo-mensagem a nós, brasileiros e católicos. Recordando a pesca da imagem, que se deu em dois momentos — primeiro o corpo, depois a cabeça —, falou da unidade do país nesta hora de grave crise, sobretudo por meio de fé, solidariedade e justiça.

Há tantas canções que povoam minha cabeça enquanto escrevo. Verdadeiro coro angélico aqui no íntimo conduz uma trilha musical: “em procissão, em romaria, romeiro ruma para a casa de Maria./ Em procissão, feliz da vida, romeiro vai buscar a paz de Aparecida”. Ah! “O povo te chama de Nossa Senhora por causa de Nosso Senhor;/ o povo te chama de Mãe e Rainha, porque Jesus Cristo é o Rei do Céu”. Ainda, “Viva a mãe de Deus e nossa,/ sem pecado concebida./ Viva a Virgem, a Imaculada, ó Senhora Aparecida./ Aqui estão vossos devotos,/ cheios de fé incendida...”. Também peço: velai pela nossa pátria, pela infância desvalida, pelo povo brasileiro, ó Senhora Aparecida.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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