O engenheiro civil Jader Melo, 29 anos, encontrou uma companhia mais do que especial durante um pedal no último sábado, no bairro Três Porteiras, a cerca de 4 km do trevo de Flórida Paulista. Ele fazia um percurso pelo local quando uma arará-canindé pousou em seus ombros e o acompanhou no trajeto. O jovem tirou a sorte grande, uma vez que nunca tinha pedalado naquele trecho e, já de primeira, conseguiu um encontro muito íntimo com a espécie, que, segundo ele, vive livremente no local e costuma acompanhar muitos ciclistas, sendo conhecida como Lalá.
Jader aproveitou o momento para fazer fotos com a arara e, ao publicá-las nas redes sociais, não imaginava que ganhariam tanta repercussão. “Foi uma experiência incrível. Sabia sobre a companhia extraordinária pelo local, mas nunca tinha vivenciado. O contato com a natureza, com uma arara azul linda, vivendo solta pelo local, renova as nossas energias e confirma o quanto a natureza é fantástica”, expõe o morador de Adamantina, que iniciou a prática do ciclismo devido à pandemia. “Com o incentivo para exercícios ao ar livre, foi o esporte com que me identifiquei de primeira e, hoje, não me vejo sem o pedal”, comenta.
A aproximação da ave com os humanos tem explicação. De acordo com o biólogo Pablo Edini Damião, esse comportamento é natural quando animais tiveram contato humano por um determinado período e são soltos na natureza. Muitos psitacídeos (araras, periquitos, papagaios e afins) têm essa característica. Inclusive, nos arredores do Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio, o profissional conhece uma arara da mesma espécie que tem esse hábito. A popularidade dela é tanta que até ganhou um nome – Bruna.
O ambientalista Djalma Weffort acrescenta que, de alguns anos para cá, tem sido mais comum avistar aves silvestres nas proximidades de áreas urbanas. Em alguns dos casos – e pode ser o que ocorreu com a arara que acompanhou Jader –, trata-se de animais de escape, que já estavam familiarizados com o homem e, por esta razão, permanecem se aproximando dele.
O biólogo Pablo destaca que há riscos dessas aves aparecerem perto das cidades, considerando que podem se tornar vítimas do tráfico de animais silvestres, serem atacadas por animais domésticos ou, então, atropeladas. “Mas, em geral, elas são muito inteligentes e conseguem se sair muito bem. Os riscos existem, mas essa arara em particular consegue se virar. Caso contrário, não estaria livre dessa forma. Pois, quando se devolve um animal à natureza, é necessário que se saiba se ele pode se virar sozinho”, analisa. “É interessante que animais sociais como as araras consigam enxergar o melhor da companhia humana, mesmo que um dia possam ter sido fontes de ações terríveis como o tráfico”, pontua.
Foto: Arquivo pessoal - "Carona" ocorreu no último sábado, no bairro Três Porteiras, em Flórida Paulista
Foto: Arquivo pessoal - Morador de Adamantina teve encontro muito próximo com a ave