As crianças agradecem

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 09/01/2022
Horário 06:00

Sou filho da dona Zete, uma mineira que teve cinco filhos, todos nascidos em Uberlândia (MG) na década de 1960. Era uma época em que não havia ainda o Plano Nacional de Imunização (criado apenas em 1973, por determinação do Ministério da Saúde, com o objetivo de coordenar as ações de imunização, até então descontínuas e com baixa cobertura no Brasil). Preciso dizer o que isto significa? Dona Zete teve de cuidar de muitas doenças infantis que são controladas nos dias de hoje com as vacinas: sarampo, caxumba, catapora e rubéola (escapamos das terríveis varíola e poliomielite). Felizmente, todos nós sobrevivemos e estamos aqui para contar esta história. Mas era uma época em que o Brasil tinha taxas vergonhosas de mortalidade infantil, acima de 60 óbitos por mil crianças nascidas vivas. 
No decorrer dos meus anos escolares fiz parte de uma geração marcada por uma política nacional de saúde ainda muito deficitária. Sempre tinha nas minhas turmas da escola primária algum coleguinha com paralisia infantil (sequela decorrente da poliomielite), deficiência auditiva associada ao sarampo, cicatrizes terríveis provocadas pela varíola, dentre outras mazelas de países com poucos investimentos na saúde pública. 
Na década de 1970 eu ainda era um pré-adolescente quando ocorreu a maior epidemia de meningite da história do país. E foi a campanha nacional de vacinação organizada pelo governo do general Ernesto Geisel que resolveu a questão (sim, foram os governos militares que começaram as campanhas nacionais e tornaram obrigatória a carteira de vacinação para frequentar as escolas!). A aplicação da vacina não foi com seringa não. Era uma pistola de ar comprimido que, em contato com a pele do braço e sem o uso de agulha, injetava a vacina no organismo.
Depois disso, eu pude acompanhar as campanhas nacionais de vacinação como um jovem universitário e como pai. O Brasil ganhou prêmios internacionais com a erradicação da poliomielite do território nacional. Foi quando nasceu o Zé Gotinha, criado em 1986 com o intuito de reduzir as resistência das crianças às imunizações…O Brasil também participou da campanha mundial de erradicação da varíola e introduziu a tetra viral (catapora, caxumba, rubéola, sarampo) no calendário básico de vacinação das crianças. Obviamente apresentou um vertiginoso declínio da taxa de mortalidade infantil,  passando de 47,1 em 1990 para 13,3 em 2015!  Que orgulho que os verdadeiros patriotas brasileiros têm dos feitos do nosso pais em campanhas de vacinação... Viva o SUS! Salve o direito das crianças pela vacinação contra a Covid-19!
 

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