Listas! Eis aí o tema de hoje da crônica. Eu gosto e sinto que a vida se organiza bem com elas, embora isso não signifique que as siga fielmente. Na maior parte do tempo, aliás, eu as ignoro e pago o preço.
Mas assim como las brujas, as listas existem e sempre existiram.
A questão é que o mundo digital nos brindou com uma deficiência importante: a pouca capacidade do nosso cérebro em sintetizar uma quantidade imensa de informação e como consequência disso, uma terrível sensação de que vamos esquecer algo importante em algum momento. Resultado: listas para nos sentirmos mais protegidos.
A lista de compras do mês é a primeira. Arroz, feijão, carnes, coisas básicas, café (fundamental), paciência para encarar os supermercados do tipo atacadistas que oferecem preço bom, mas não estão nem aí para os consumidores, e coisinhas gostosas para comer tudo no primeiro final de semana.
A lista de tarefas da semana. Importantíssima, mas por mim sempre ignorada com louvor. Escrevo, escrevo, escrevo e esqueço, esqueço e esqueço. Por sorte, tudo se ajeita e o que não se ajeita não era para acontecer (óbvio que pensar assim é só para meu cérebro se acalmar).
Lista de boletos: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Para quê listar? Próxima.
Ah, outro dia fiz uma lista de coisas que jurei nunca mais fazer: parar de procrastinar; confiar mais na memória; dar moral para gente chata; não gastar com equipamentos eletrônicos e em apps de roupa e calçados; e desfazer assinaturas de apps e canais que comprei na empolgação. Falhei miseravelmente em todos os itens e esta lista jaz no bloco de notas do celular.
E agora nas férias, listei coisas que estavam salvas na memória do meu celular e que não faço ideia de como chegaram ou porque salvei: 153 prints de conversas absolutamente inúteis; 87 fotos praticamente iguais de um lugar aleatório; 24 PDFs que datavam de 2019 a 2025 e que nunca abri; 17 vídeos idiotas que salvei do Tik Tok para mostrar a alguém, mas o meme passou e eles ficaram; e 39 lembretes de coisas que eu esqueci de fazer.
Sério, gente, de perto ninguém é normal, não?
Mas para não ficar parecendo que as listas não servem para nada, vou recomendar uma relação de atitudes que pratico mesmo e que são muito boas para mim e para quem está por perto. Eis a lista de milhões:
• Rezar pelos amigos e para quem eu nem conheço;
• Ligar ou mandar uma mensagem do nada para quem está longe e conversar um pouco só para saber como a pessoa está;
• Fazer o que ama;
• Dizer sempre: “Estou aqui”;
• Não falar demais;
• Respirar fundo antes de dizer qualquer coisa;
• Fazer uma comida gostosa (porque sim!)
• Devolver o que pegou emprestado;
• Nunca tentar ser perfeito, mas sempre ser suficiente.