Atividade física  e a dor lombar

OPINIÃO - Éverton Alex Carvalho Zanuto

Data 09/06/2022
Horário 05:00

A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, que pode ou não estar associada à lesão real do tecido. Quando localizada entre a margem costal inferior e acima da região glútea, é denominada dor lombar e afeta de maneira significativa a qualidade de vida. Ela é chamada aguda quando surge, ou crônica quando permanece por mais de três meses. Sua prevalência é alta, aproximadamente 80% da população experimentará algum episódio de dor lombar ao longo da vida. 
Na pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Estudo sobre Fisiologia do Exercício, 50,2% dos prudentinos entrevistados reportaram dor lombar no último ano e 11,3% de forma crônica. Em outra publicação somente com pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), essa prevalência subiu para 53,5% e 21,7% nas formas aguda e crônica respectivamente. Números que se assemelham às prevalências encontradas em países como Estados Unidos, Alemanha, Turquia e França, onde são superiores a 50%. 
A dor lombar é considerada específica quando provém de doenças diversas (hérnia de disco, bicos de papagaio, artrose, etc.). Porém, 85% dos pacientes não possuem alterações específicas. Nossos estudos demonstram que, pessoas persistentemente sedentárias ao longo da vida, e/ou com obesidade, e/ou com baixa qualidade de sono, são grupos de risco para o desenvolvimento de dor lombar crônica.
Trata-se da segunda maior causa de consultas médicas no mundo, perdendo apenas para dor de cabeça. Os gastos com o tratamento são expressivos US$ 7,4 bilhões por ano nos EUA, €480 milhões/ano no Reino Unido, €738 milhões/ano em Portugal, R$ 7,3 bilhões por ano aos planos de saúde brasileiros, sendo que pacientes do SUS com dor lombar crônica possuem duas vezes mais custos com saúde e três vezes mais chance de se aposentarem por motivos de saúde.
Segundo o guia europeu de prevenção a dor lombar, o exercício físico tem nível A de evidência científica para prevenção e tratamento, porém, tipos específicos e intensidades dos exercícios ainda precisam de mais pesquisas (nível C). Desta forma, políticas públicas com intuito de aumentar o nível de atividade física devem ser encorajadas, como a inserção em larga escala de profissionais de educação física, fisioterapeutas e infraestrutura adequada nas unidades básicas de saúde.
Nossos dados corroboram com a evidência de que a prática de exercícios físicos no lazer é um fator proteção e reduz os custos em pessoas com dor lombar crônica. Também observamos que a prática habitual de atividade física no lazer está associada à melhor qualidade do sono e redução do peso corporal, reduzindo assim seus fatores de risco. 
Enfim, movimentar-se com a atividade que mais lhe dê prazer sob supervisão de um profissional de educação física ou da fisioterapia é a indicação deste artigo. Afinal, mais importante do que qual atividade fazer é fazê-la pela vida inteira. Na Unoeste possuímos o projeto de extensão intitulado “Prática de atividade física e fisioterapia convencional como opções de tratamento a pacientes do SUS com dor lombar crônica”, que é gratuito, mas que devido à pandemia precisou ser suspenso, mas com previsão de retorno em breve para a comunidade.
 

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