É muito frequente, entre uma escuta e outra, as pessoas queixarem-se sobre um certo estranhamento consigo próprio. E que, muitas vezes, consideram-se bipolares, com dupla personalidade, um tanto esquisitos ou esquizoides e até mesmo paranoides. Estranham também as infinidades de pensamentos, fantasias bizarras, conjecturas perversas e sentimentos invejosos, ciúmes, desejo de matar-se ou matar alguém. E assim, em seu momento solitário, sem conseguir fazer uma interlocução ou uma conversa trocada entre duas ou mais pessoas, até mesmo, manter um diálogo, resultará em uma angústia gigantesca.
A angústia, definindo do modo mais simples (senso comum), é a sensação psicológica que se caracteriza pelo sufocamento, pelo peito apertado, ansiedade, insegurança, falta de humor, entre muitas outras sensações, que são descritas pelos nossos pacientes. A angústia é difusa e costuma surgir sem causa aparente, não há uma explicação real, alguns relatam sensações de buraco no estômago.
Nosso psiquismo é um universo composto por infinitas introjeções e projeções. Somos seres mamíferos, altamente dependentes desde que nascemos. Também, somos transgeracionais, com padrões transmitidos de pais para filhos, perpassando gerações e apresentando-se como modelos que podem ser percebidos na maioria das relações estabelecidas durante a vida.
Como diz Sigmund Freud, são as heranças filogenéticas e ontogenéticas. Quando nascemos, trazemos uma bagagem povoada de gente. E assim, “herdamos um estranho” impregnando internamente o nosso psiquismo. Muitas vezes, sofremos por situações que se repetem em nossa vida ou de toda uma família e tudo permanece sem um entendimento, elucidação ou encontro de respostas.
O ideal seria a busca pelo autoconhecimento. Buscar ajuda especializada de psicanalistas e psicoterapeutas de orientação analítica seria uma excelente escolha. Investir no autoconhecimento seria investir no aspecto subjetivo, no universo vasto de emoções e sentimentos que desconhecemos em nós mesmos. E que muitas vezes nos impede de desenvolver e evoluir em direção à autonomia, independência, felicidade, segurança e transformação. O suicídio, muitas vezes, pode significar a morte de algo que provoca um extremo sofrimento e ao mesmo tempo, de um desconhecido que habita e direciona toda uma vida.
Conheça-te a ti mesmo, antes de provocar o teu fim, com a finalidade de dar o fim na enorme dor que invade o seu universo psíquico. Você pode estar dando o fim em algo interno, que não é originado de ti mesmo.
