Autoridades ameaçadas se tornam reféns de facção

EDITORIAL -

Data 18/09/2019
Horário 05:21

Os criminosos colocam terror na sociedade desde que o mundo é mundo. Em alguns locais, as ameaças são mais intensas, em outros, nem tanto. Mas o que deve ser discutido é que mesmo com as intervenções policiais, a sociedade continua refém dos bandidos. Esse medo não escolhe pessoas, religiões ou raças, mas tende a tornar-se mais constante na vida dos profissionais que atuam na segurança pública. Desde meados do ano passado, o assunto tem sido falado em diversos noticiários, depois que integrantes da facção criminosa que atua dentro e fora do Estado de São Paulo juraram de morte diversas autoridades que combatem o crime organizado.

Um dos nomes citados foi de Lincoln Gakyia, promotor de Justiça do MP (Ministério Público) e que atua no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). A entrevista com a autoridade foi destaque na edição de domingo de O Imparcial, após apreensões de novos manuscritos cobrando a morte do promotor. As ameaças surgiram quando ele tomou a frente e pediu a transferência de 22 líderes da facção criminosa para presídios federais. De acordo com Gakyia, a iniciativa ocorreu por recusa do Estado, segundo afirmou à reportagem.

Desde então, os criminosos passaram a cobrar não apenas a morte do promotor, mas de diretores de penitenciárias, ex-secretários e representantes da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária). Diante disso, os nomes citados passaram a ser escoltados 24 horas pela polícia, a fim de impedir ataques de qualquer natureza – o mínimo que o Estado poderia fazer, uma vez que, no caso de Gakyia, representou pela decisão para garantir a segurança da comunidade após descoberta do plano de fuga para resgatar membros da organização criminosa. Em entrevista, citou que, caso se concretizasse, poderia haver mortes de cidadãos durante a ação.

Na tentativa de garantir a segurança da população, o promotor e outros sofrem as consequências do poder que as organizações criminosas exercem na sociedade. Isso mostra que os criminosos estão mais ameaçadores, o que aparenta desinibição de qualquer ação que possa ser tomada a fim de prejudicá-los. Isso deixa a tensão no ar sobre possíveis represálias, o que faz com que a inteligência do Estado esteja mais alerta para impedir que ocorra. Mesmo com ameaças não concretizadas, as autoridades têm se mostrado cada vez mais fortes que o poder da facção, o que traz uma esperança de que os criminosos não são tão capazes quanto parece.

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