Bruno e Dom, heróis de um tempo estranho

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista recomendado pela ONU

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 19/06/2022
Horário 05:30

Para os matadores do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, a morte dos dois não foi suficiente. Era preciso algo mais para servir de exemplo aos defensores da Amazônia. Num ritual macabro, inconcebível em país civilizado, os assassinos esquartejaram os corpos. Também queriam queimar as vítimas, mas desistiram. 
Se esquartejaram, isso significa que decapitaram, ou seja, cortaram as cabeças do Bruno e do Dom. É o que dá a entender, certo? Com a palavra os peritos, que terão muito trabalho para esclarecer os fatos. Aliás, em certa época era comum cortar cabeças na região. Foi durante a Guerrilha do Araguaia.
Vivemos tempos difíceis, tristes e estranhos. Diria que são tempos estranhíssimos, se me permitem o superlativo. Ao ver o Pelado na televisão, um dos acusados, pensei: "Tem cara de bandido". Cara de gente cruel, ignorante e intolerante. 
Lamentáveis certas declarações sobre a tragédia, que envergonha o Brasil mundo afora. Se a região é perigosa, cabe ao governo reforçar a segurança. Teve gente que zombou do Bruno e do Dom, achando que eles estavam mexendo em um vespeiro. Estavam no lugar errado e na hora errada, deram a entender.
Como todo grande jornalista investigativo, Dom Phillips denunciou as mazelas sociais que encontrou na Amazônia, apontando o garimpo, o desmatamento, a grilagem de terras e a pesca predatória, sem contar, é claro, o tráfico. Já Bruno ajudava os índios e cumpriu bem o seu papel enquanto esteve na Funai e depois que foi demitido. Sua demissão é uma história mal contada.
Não faz muito tempo um jagunço, a serviço dos grileiros, tentou intimidar um fotógrafo no interior do Pará. Ele disse com todas as letras ao fotógrafo: "Aqui mulher não tem honra, homem não tem palavra e árvore não tem raiz". E fica por isso mesmo, as "otoridades "(Arghh!) não investigam e salve-se quem puder.
Bruno e Dom merecem estátuas mundo afora. Sinto vergonha de ser brasileiro num momento como este. Ser ambientalista sério no Brasil é correr risco de morte e exemplos não faltam. Todos se lembram do Chico Mendes, grande brasileiro e covardemente assassinado. Tudo isso é muito triste e não sei onde vamos parar com este país mergulhado no ódio e nas trevas. Chamem São Miguel.

DROPS

Se corta árvore, vento aumenta, sol esquenta e água some.
(cacique Raoni)

A Terra não é do homem. O homem é que é da Terra.
(cacique americano)

Com tanto desmatamento, onde é que o joão de barro vai encontrar uma árvore para construir sua casinha?

Amazônia, insônia do mundo.
(Roberto Carlos)      
   
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