Canudinhos plásticos podem gerar intoxicação

PRUDENTE - SANDRA PRATA

Data 01/06/2018
Horário 08:37
Marcio Oliveira - Se descartados incorretamente, canudos sofrem um processo de degradação e quebra mecânica
Marcio Oliveira - Se descartados incorretamente, canudos sofrem um processo de degradação e quebra mecânica

Ninguém dá tanta atenção para eles, já faz parte do cotidiano tomar um suco ou um refrigerante em sua companhia, porém, os canudinhos não têm nada de inofensivos e somam 4% do lixo plástico do planeta. Os famosos tubinhos facilitam a ingestão de líquidos, com uma vida útil de aproximadamente quatro minutos, mas com um processo de decomposição que leva cerca de 500 anos, deixa uma marca cada vez mais preocupante no meio ambiente.

Segundo a engenheira ambiental Leila Sotocorno, esses pequenos fragmentos podem causar efeitos negativos desde a fabricação até o descarte. Ela revela que a base de matéria prima para a produção desse utensílio é o petróleo, ou seja, uma fonte não renovável. Fora isso, exige um grande consumo de água e energia e emissão de gases tóxicos. “O descarte incorreto causa poluição do solo e inúmeras mortes de animais, principalmente, aquáticos, além de favorecer a ocorrência de enchentes”, explica.

Segundo a SMA (Secretaria do Meio Ambiente), não existe um levantamento específico a respeito da quantidade de canudos plásticos descartados diariamente de forma inadequada na natureza, porém, alcançam os oceanos carregados por eventos climáticos, como chuvas e ventos. “Estima-se que 10 milhões de toneladas de materiais plásticos cheguem aos oceanos anualmente, sendo que destes, mais de 100 mil toneladas sejam de canudos plásticos descartáveis”, informa o órgão.

 

Consequências na água

Além de servirem de alimento para os animais e prejudicar as funções vitais, o plástico - quando chega a níveis marinhos - pode atrapalhar processos essenciais para a vida, como a fotossíntese. “Dependendo da quantidade e densidade, pode obstruir a passagem da luz e interferir no processo da fotossíntese das algas”, alerta a secretaria. Além disso, existe o risco da contaminação de animais usados para a alimentação de seres humanos.

 

Microplásticos

Outro grande risco causado pelos canudinhos é a produção de microplásticos. A engenheira ambiental Nelissa Garcia explica que quando os tubinhos são descartados incorretamente e entram em contato com a natureza, sofrem um processo de degradação e quebra mecânica. “Isso faz com que se fragmente em tamanhos menores gerando os microplásticos”.

Essas partículas de plástico, segundo Nelissa, são bem mais nocivas ao meio ambiente que o material em sua densidade normal. Em função do tamanho reduzido, eles têm maior potencial de absorver substâncias tóxicas presentes nos oceanos, como pesticidas e metais pesados. Isso faz com que os danos à saúde da biodiversidade sejam muito maiores”, relata.

Essa propensão a absorver coisas tóxicas faz com que se crie um ciclo de intoxicação ao passo de que, se um animal ingerir a substância contaminada e for presa de outro animal, irá disseminar a infecção. “No fim da cadeia, quando o ser humano se alimenta desses peixes, está ingerindo também o plástico e os poluentes que se acumularam ao longo da cadeia”, ressala Nelissa.

 

Qual a solução?

Ambas profissionais do meio ambiente concordam que a forma ideal de diminuir o uso dos canudos é a educação ambiental e substituição por opções não descartáveis. “Ou ainda optar por canudos que tenham vida útil maior e possam ser reutilizados, tais como canudos de vidros, metais, entre outros”, finaliza Leila.

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