Desde julho de 2014, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Presidente Prudente encontra dificuldades para combater a LVC (leishmaniose visceral canina) pela diminuição no repasse de kits de teste para o diagnóstico da doença em cães pelo Ministério da Saúde. Nesta semana, após quase dois anos de defasagem, o CCZ informou que recebeu 1,4 mil kits e deu início à coleta de amostras de sangue de cães.
O médico veterinário responsável pelo CCZ, Célio Nereu Soares, relata que o atraso no envio dos materiais fez com que o centro mudasse sua forma de trabalho. Antes, a coleta do sangue dos animais era feita e armazenada e a análise era realizada com a chegada dos kits de TR-DPP (teste rápido de dupla plataforma). O problema é que enquanto a quantidade ideal de kits seria de 2 mil por mês, o envio se tornou completamente irregular a partir do meio de 2014, "vindo 200 em um mês, 100 em outro, até que nos últimos seis meses, o CCZ ficou sem nenhum kit", segundo Célio Nereu.
Há 6 meses sem receber kits de teste, CCZ precisou descartar 7 mil amostras de sangue
Naturalmente, as amostras de sangue começaram a acumular, até que o CCZ precisou descartar 7 mil delas, no ano passado, como noticiado por
O Imparcial na época. Nos últimos seis meses, segundo o veterinário, nenhum kit foi recebido, de modo que os profissionais pararam de coletar as amostras de sangue em outubro. Diante do panorama deficitário, a forma de trabalho foi modificada. Agora, o CCZ só faz as coletas quando tem kits em estoque – justamente para não precisar jogar fora as amostras.
Entretanto, para atender as ocorrências mais urgentes, como exames de última hora em casos de animais suspeitos, alguns kits são reservados. Com o recebimento dos 1,4 mil kits, os trabalhos retornaram à sua normalidade ainda ontem pelo órgão, no Residencial São Paulo, bairro escolhido pelo fato de ser a área com maior incidência de casos de LVC no ano passado. As coletas são feitas das 8h às 11h e das 14h às 16h.
Responsabilidade
A compra do kit de exames de leishmaniose visceral canina é centralizada pelo Ministério da Saúde, que os repassa às secretarias estaduais que, por sua vez, encaminham o material aos municípios. O DRS-11 (Departamento Regional de Saúde) afirma que a pasta federal reduziu significativamente o repasse desde julho de 2014, quando não enviou sequer um kit ao Estado de São Paulo. O Ministério da Saúde foi procurado para se posicionar no fim da tarde de ontem, mas até o fechamento dessa matéria não respondeu os questionamentos da reportagem.
Casos de LVC
O CCZ confirmou na semana passada dez novos casos de LVC em Prudente, sendo oito diagnosticados pelo órgão e dois por clínica particular. Com os novos registros, o município alcançou 25 catalogações - 24 delas cuja doença foi contraída na própria cidade, e um caso que veio de outra localidade. Os registros estão distribuídos nos bairros: Conjunto Habitacional Ana Jacinta; Jardim Cobral; Jardim Bongiovani; Residencial São Paulo; Jardim Villa Real; Parque Cedral; Vila Maristela; e Residencial Anita Tiezzi. Todos os animais foram entregues à eutanásia.
