Centenária, ferrovia é recordada com emoção

Estrada Ferroviária Sorocabana reúne histórias e é lembrada por moradores pelo desenvolvimento da economia local

REGIÃO - BIANCA SANTOS

Data 08/09/2017
Horário 13:32
Cedida/José Carlos Daltozo, De acordo com historiador José Carlos Daltozo, cidades da Alta Sorocabana surgiram a partir do binômio café-ferrovia
Cedida/José Carlos Daltozo, De acordo com historiador José Carlos Daltozo, cidades da Alta Sorocabana surgiram a partir do binômio café-ferrovia

A linha férrea centenária de Martinópolis é recordada com emoção por moradores e a atividade cafeeira transportada nos trilhos é exaltada por sua importância no município. Conforme o historiador e escritor José Carlos Daltozo, os trilhos atingiram primeiramente a cidade de Assis em 1914, para, três anos depois, em 5 de agosto de 1917, chegar em José Teodoro, antigo nome da municipalidade.

“Uma das razões que contribuíram para a expansão da ferrovia foi o avanço do café. Todos os municípios de Assis a Presidente Epitácio surgiram somente após a chegada da estrada de ferro nas áreas que antes eram repletas de mata virgem”, lembra o historiador. Em Martinópolis, o fundador João Gomes Martins se beneficiou do progresso proporcionado pelos trilhos, comprando 10 mil alqueires de terras para criação de loteamentos em torno da ferrovia até o Rio do Peixe, fazendo com que o pequeno povoado fosse ganhando força com o auxílio da economia cafeeira e o aumento gradativo da população. “Podemos dizer que não só Martinópolis, mas praticamente todas as cidades da Alta Sorocabana têm em sua certidão de nascimento como pai o café, e como mãe a ferrovia. Isto porque é a partir desse binômio, café-ferrovia, que elas nasceram”, explica Daltozo.

De início, os trilhos da Estrada Ferroviária Sorocabana em Martinópolis eram simples postos de abastecimento, onde as locomotivas recebiam assistência técnica com lenha e água, já as estações eram construídas em intervalos médios de 10 a 12 quilômetros uma da outra, para suprir a necessidade do momento. “Os trilhos eram assentados em plena mata virgem e várias dessas estações iniciaram atividades com vagões retirados de circulação e colocados à margem da linha para proteger, com seus tetos de zinco, o aparelho de telegrafia e os blocos de licença dos trens”, expõe.

Segundo Daltozo, atualmente, o transporte ferroviário poderia auxiliar no deslocamento de produtos, como, por exemplo, a soja, para a exportação no Porto de Santos, porém, as empresas não acham viáveis. “Os caminhões estragam as estradas e a ativação dos trilhos poderia ajudar na conservação das rodovias. Lembro que há aproximadamente 10 anos ainda existia o transporte de combustíveis, mas hoje não existem mais”, diz.

Já o vereador Luiz Antonio Leite Oliveira (PMDB), por sua vez, destaca na história da ferrovia a distinção dos trens que passavam pela cidade. O “Ouro Verde” em homenagem ao café, por exemplo, só transportava passageiros naquela época. “Já o misto, tanto carga, quanto pessoas. O ‘cargueiro’ transportava somente mercadorias e animais e, por fim, foi lançado o trem de luxo que trafegou de 1960 a 1990 que possuía mais conforto aos tripulantes”, relata.

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