CHARANGA DOMINGUEIRA de 03-07-2016

Esportes - Flávio Araújo

Data 04/07/2016
Horário 09:36
 

SÓ E TRISTE SEGUIRÁS TEU CAMINHO


O adágio é muito antigo: a união faz a força. Da Europa sempre vieram desavenças, cizânias, populações irredentas, problemas econômicos e étnicos. Não é de graça que no mundo inteiro existem populações imensas formadas por imigrantes europeus que se espalharam pelo mundo em busca de um cenário onde pudessem trabalhar e viver melhor fugindo das guerras. A Europa dos velhos tempos era um ninho de guaches. O Brasil é um exemplo claro do parágrafo acima. Aqui se integraram italianos, japoneses, espanhóis, até japoneses de costumes opostos ao nosso. A União Europeia prometia acabar com tudo isso com uma Europa unida em torno de ideais de crescimento, mas que não desprezavam o lado humano e fraterno da união entre os homens. A Grã-Bretanha sempre foi uma exceção. Com todas as suas tradições que remetem à noite dos tempos, o que mais existe na ilha gelada são as desavenças, à insânia, o desejo de poder de reis que matavam filhos herdeiros ou filhos que tiravam de seu caminho pais que impediam que chegassem ao reinado. Elisabeth II reina há tantos anos num país que prometia paz numa visão externa, mas que se comportava como uma panela de pressão dentro de suas fronteiras. Margareth Tatcher aguentou o rojão para a Grã-Bretanha não explodir. O inglês é um valente na defesa de seus ideais e ao mesmo tempo um egoísta. Só para não ficar num exemplo mais claro vou buscá-lo no futebol. Organizadores do jogo que tomaria conta do planeta, fato que data de 1863, os britânicos relutaram muito e só depois de 10 anos entraram na Fifa. Para ser oposição. Quando a Fifa, no sonho de Jules Rimet, criou a Copa do Mundo, os ingleses só vieram a dela participar 20 anos depois de sua primeira edição. Hoje a Inglaterra não se conforma em estar à altura de seus companheiros de União Europeia e sempre considerou a Libra a moeda de maior valor no planeta e, por isso, nunca aceitou o euro. Deu no que se esperava. O inglês, que ao nascer no mar se achou, como cantou Castro Alves, continua pensando que o sol nunca se põe sobre o seu imenso império, coisa de um passado onde a Terra ainda estava quente da explosão que seu parto provocou. Agora a Escócia quer continuar europeia continental, mas para tanto tem que se separar da ilha e do bloco que votou pela saída e pede um novo plebiscito para a separação; a Irlanda do Norte, que já derramou muito sangue buscando seguir sua irmã, o Eyre, quer a mesma coisa e Gales fica dentro da Inglaterra, não come quiabo no mesmo prato que os ingleses, mas fornece o carvão que os mantém aquecidos. Então o Brexit decretou mesmo o fim do Reino Unido.

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.

 
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