A FIFA CEDE E O FUTEBOL VAI MUDAR

 

Mesmo sendo pouco usado, o Prudentão é um dos maiores estádios do interior paulista. Já foi palco de grandes cotejos para aqui desviados, como aquele que marcou o retorno de Ronaldo Fenômeno ao futebol brasileiro. Se não é mais utilizado deve-se ao fato do futebol na cidade viver um período, digamos de saturação. O passado futebolístico de Prudente comprova que a cidade já teve seu período de glórias. Pois muito bem. Se a equipe profissional que representa a cidade crescer como se espera e em futuro próximo estiver numa divisão que honre nossas tradições, o Prudentão estaria enquadrado nas novas determinações? O futebol tem essa grandiosidade que gera emoções e fortunas por ter nascido pobre e por ser igualitário. As regras que os ingleses estabeleceram em 1863, mesmo com as parcimoniosas modificações e interpretações que foram sendo introduzidas de longe em longe, agora só poderão atingir estádios de Copas do Mundo. Na verdade nem isso, já que própria CBF informa que não terá condições para usar os novos apetrechos aprovados pela International Board neste ano. Custa caro a adaptação e mais do que nunca a elitização será posta em prática, e mais do que nunca a juventude irá se afastando de uma modalidade que antes era popular e estava ao alcance de todos. Haverá o jogo dentro das determinações da Board e os cotejos de segunda linha serão onde o povão, também de segunda linha, terá que se satisfazer. E isto foi somente o início da dose da implantação da tecnologia. A Board não resistiu à pressão e cedeu. Uma prova irrefutável: a aparelhagem utilizada na Copa do Mundo de 2014 para determinar se a bola ultrapassou ou não a linha de gol só funcionou durante o mundial. O preço era muito alto para mantê-la em funcionamento. Como será agora? A igualdade de princípios foi a principal razão para que o futebol se tornasse o esporte mais popular do planeta. Em todas as partes do mundo, países mais pobres têm seus campeonatos com o rótulo oficial. Então não podem ser diferentes. Com a Fifa cedendo para a tecnologia, em breve teremos os certames todos dirigidos por ferramentas que irão sendo agregadas. É possível que os erros de arbitragens sejam bastante diminuídos. Mas, quantas vezes os comentaristas de arbitragem modificam sua opinião depois de ver um lance por outro ângulo? Nesse caso, ou se aceita uma visão errada e que não é a do árbitro ou o jogo ficará paralisado por quanto tempo? O que virá no futuro e o que veremos em nossos estádios não será o futebol genuíno. Podem providenciar um outro nome.

 

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.