Na quarta-feira, 9 de julho de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre todas as importações brasileiras, a partir de 1° de agosto. O ato, que quadruplica a alíquota anterior de 10%, foi justificado pelo discurso de Trump sobre a “perseguição judicial” ao ex-presidente Jair Bolsonaro — que ele classificou de “caça às bruxas” — e critica supostas restrições à liberdade de expressão nos EUA vinculadas às decisões do STF (Supremo Tribunal Federal).
Setores como agronegócio (café, suco de laranja, carne bovina), mineração, siderurgia e aviação – impactados diretamente pelo receio de perda drástica de competitividade – enfrentam risco real de queda de receita, estoques encalhados e contração na cadeia produtiva.
Além disso, o mercado teme efeitos inflacionários e alta nos juros. No curto prazo, produtores exportadores poderão perder espaço nos EUA; no médio, esse panorama tende a reduzir investimentos, empobrecer pequenas e médias empresas de base exportadora e aumentar o desemprego regional. Estima-se também que compradores americanos possam repassar o custo extra ao consumidor, pressionando os preços nos EUA .
No plano geopolítico, a ofensiva americana ecoa o clima de tensão entre o ocidente e o BRICS. Trump avalizou Bolsonaro — seu aliado ideológico — em suas críticas ao julgamento do ex-presidente e ameaçou aplicar tarifas adicionais a membros do BRICS com “políticas antiamericanas”. Com isso, fortalece-se a narrativa do bloco em busca de se afastar da dependência do dólar, impulsionada por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul.
Para empresários, caso nada mude, o desafio é imediato: revisar contratos, renegociar prazos e buscar novos mercados. A estratégia envolve tanto mitigar perdas — absorvendo margens mais apertadas ou cortando custos — quanto explorar destinos alternativos fora dos EUA. Contudo, essas mudanças exigem escalabilidade, apoio estatal e tempo de adaptação, fatores escassos em PMEs.
Em síntese, a sobretaxa anunciada por Trump representa muito mais que uma ação comercial: é um movimento político inserido em um tabuleiro geopolítico global, com reflexos sobre a economia brasileira, o agronegócio, a indústria e até a estabilidade cambial e inflacionária do país. O Brasil, por sua vez, terá que reagir rapidamente, intensificar negociações multilaterais — inclusive na OMC — e fortalecer alianças, sobretudo dentro do BRICS, para conter efeitos adversos. No fim, a adaptabilidade dos empresários será decisiva para atravessar esse choque.