Com a Quaresma, católicos honram compromisso de jejuar

Padre Sandro salienta que jejum não é dieta nem economia financeira, aquilo que o fiel abre mão de usufruir ele o transforma em caridade, socorrendo o outro em sua necessidade material

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 23/02/2023
Horário 06:20
Foto: Cedida
Independente do que abdica-se, Artur abandona rigorosamente durante os 40 dias
Independente do que abdica-se, Artur abandona rigorosamente durante os 40 dias

A Quaresma início ontem, período em que muitos católicos cumprem, honram a “tradição” de deixar de comer carne, como uma das formas de jejum. A grande maioria dos fiéis acaba se abstendo apenas da carne vermelha e substituindo-a pelo peixe. Mas hoje em dia muitos tiram outras coisas que “gostam muito” de seu cotidiano durante esses 40 dias, como refrigerante, chocolate, bebidas alcoólicas e até redes sociais.

O gerente, Artur Selverio Marques do Rosario, 34 anos, paroquiano da Nossa Senhora Mãe da Igreja de Presidente Prudente, jejua todos os anos, desde 2018, quando fez seu primeiro acampamento, no período da quaresma. Ele diz que abandona rigorosamente durante os 40 dias, independente de qual escolha abdicar-se.  Já fez de todos os tipos de carne e só de um tipo também. “O jejum pra mim é um momento de me preparar para a Páscoa. De me distanciar da minha vontade humana através da penitência e me aproximar mais de Deus, por meio de um propósito de oração”, expõe o Artur que já fez inclusive outros tipos de abdicações durante a quaresma não só de alimento como de outras penitências, como ficar sem redes sociais, por exemplo.

A gestora financeira, Jéssica Ackawnne Ceribelli, 31 anos, membro do Santuário Nossa Senhora do Carmo, “Maristela”, diz que não jejua todos os anos, porque jejuar de alimentos não é um hábito anual para ela, pois sempre faz jejum interior cuidando dos outros, honrando o evangelho. “Jejuar pra mim é a maneira de me purificar, renovar minhas forças e me aproximar diante do meu Salvador”, salienta ela que este ano juntamente com uma amiga decidiu fazer jejum de alimentos. “Tentarei a carne vermelha todas as quartas e sextas. Já o refrigerante, chocolate e bebidas alcóolicas serão os 40 dias”, completa a gestora financeira que faz parte do Santuário Nossa Senhora do Carmo.

 

EM BUSCA DE GRAÇA

A atendente de negócios, Lívia de Cássia Lopes, 35 anos, também do Santuário da Maristela, começou a jejuar na Quaresma do ano passado. “Abstive-me de bebida alcoólica porque estava bebendo mais do que o habitual. Minha intimidade com Deus não era como hoje”, menciona. Esse ano, além, de bebida alcoólica porque quer se livrar desse “hábito”, ela retirou o refrigerante, por conta de peso e saúde. E o chiclete porque quer a cura de sua ansiedade. “E quando estou ansiosa desconto principalmente no chiclete. Por isso fiz o propósito dessa maneira, e por outra graça. Quero fazer pra ter mais intimidade com Deus. É o que todos dizem. Que quando se jejua tem essa intimidade e proximidade com Deus”, diz Lívia.

 

JEJUM RELIGIOSO

Segundo o padre padre Sandro Rogério dos Santos, 46 anos, pároco do Santuário Diocesano de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, localizado no Jardim Maracanã, e vigário Episcopal da Primeira Região de Pastoral de Presidente Prudente, jejum religioso é deixar de tomar uma refeição principal durante o dia.

“Todo fiel católico entre 18 e 60 está ‘obrigado’ a fazê-lo. Entretanto, fazer jejum e abstinência como ‘obrigação’ acontece somente em dois dias do ano: na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa”, expõe o padre Sandro.

Conforme ele, o jejum é uma forma de mortificação e penitência, uma abertura para Deus preencher o ser humano com o seu dom. “A pessoa foi feita para a eternidade, e essa prática ajuda a tomar consciência de tal condição; não temos aqui morada permanente. É certo que pouco valeria jejuar sem uma abertura a Deus e às outras pessoas”, coloca.

Padre Sandro salienta que jejum não é dieta nem economia financeira. Aquilo que o fiel abre mão de usufruir ele o transforma em caridade, socorrendo o outro em sua necessidade material. “A prática do jejum deve fortalecer o espírito”, acentua o vigário.

As pessoas que trabalham em serviços pesados ou que tenham qualquer problema em retirar a alimentação, padre Sandro diz que podem substituir o jejum por outra prática, como uma leitura espiritual, uma confissão sacramental, um ato de caridade... “Toda sexta-feira do ano é dia de abstinência de carne vermelha que, no caso do Brasil, fora da Quaresma pode ser substituída por atos de caridade”, menciona o sacerdote.

 

Foto: Victor Jorge

Para Jéssica jejuar renova suas forças, a aproxima do Salvador

Cedida

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