Consumismo infantil

OPINIÃO - Ademir Henrique Manfré

Data 06/06/2019
Horário 04:25

Quem resiste a um passeio ao shopping ou a uma loja de brinquedos sem consumir alguma coisa? Essa cena não é comum apenas no mês de dezembro ou no Dia das Crianças, quando as lojas se enchem com várias opções para atender aos desejos de seus consumidores. Não importa o gênero, a classe social, a faixa etária, a crença. Todos são atingidos pelo imperativo mercadológico!

Com o ritmo frenético da globalização, o consumo começa cada vez mais cedo. Ano após ano as crianças são afetadas por conteúdos consumistas que apenas as incentivam a comprar cada vez mais. O Kantar Ibope Media – que é uma empresa líder de pesquisa de mídia na América Latina – divulgou que, em 2014, foram movimentados em torno de R$ 112 bilhões com publicidade no Brasil. Segundo os dados da pesquisa, a televisão é a principal mídia utilizada pela publicidade, alcançando 70% do investimento.

Levando em consideração que a criança brasileira passa, em média, 5 horas e 35 minutos por dia na frente da TV (Painel Nacional de Televisão, Ibope, 2015), é possível notar a dimensão do impacto da publicidade infantil.

Diante da grandeza dessa temática, podemos afirmar que o consumismo é um hábito mental fabricado pela Indústria Cultural mais marcante da sociedade atual. As crianças não ficam fora dessa lógica. E sofrem as consequências do excesso do consumismo: ausência de limites, obesidade infantil, banalização da agressividade, dentre outros.

Qual deve ser o papel dos pais? E da escola? É impossível não consumir, sabemos disso. Entretanto, pais e professores necessitam ensinar às crianças a consumirem conscientemente, com responsabilidade. Tanto as escolas quanto os pais podem utilizar várias estratégias para desenvolver nas crianças um consumo consciente.

Uma delas é orientá-las, levando-as a entender que, antes de gastar o dinheiro é necessário ganhá-lo. Outra saída é tornar constante a participação da criança no planejamento econômico familiar, levando-a a compras de supermercado, acompanhando os pais no pagamento de contas da casa, etc.

Temos que levar em consideração que, se a criança possui pais consumistas, ela também tem grande possibilidade de ser consumista. Agora, se os pais são econômicos, planejam a rotina familiar e investem naquilo que é essencial, conseguirão passar esses valores para seus filhos.

Já as escolas podem desenvolver projetos que levem as crianças a tomarem consciência das consequências do consumismo desenfreado. Devem ensiná-las a não desperdiçar, mas economizar, preservando o meio ambiente. Assim, a criança aprende a ter senso crítico e a priorizar determinadas aquisições.

Esse processo deve iniciar já na infância. É dever de toda a sociedade ensinar às crianças valores essenciais à sobrevivência da humanidade, como a solidariedade, a responsabilidade, o respeito ao outro e ao meio ambiente, promovendo um consumo sustentável.

 

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