Com algumas horas de atraso, às 14h de ontem, em sessão pública ocorrida na Bolsa de Valores de São Paulo foi iniciado o leilão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo). Na ocasião, foram abertos os envelopes com as propostas dos interessados, que, na verdade, foi apenas um, já que o Consórcio São Paulo Energia arrematou o controle acionário da companhia sem que houvesse concorrência. O preço inicial do lance por ação era de R$ 14,30, contudo, a compra foi feita pela cifra de R$ 14,60.
O consórcio vencedor, que representa o fundo de pensão canadense CPPIB (Canada Pension Plan Investment Board) e a Votorantim Energia, desembolsará pouco mais de R$ 1,7 bilhão, pela compra das 116.450.219 ações que foram disponibilizadas. O valor pago a cada ação é 2,09% do preço mínimo estabelecido no edital.
Em entrevista à Secretaria Estadual da Fazenda - que intermediou o certame -, o chefe da pasta, Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, relatou que há 22 anos o Estado tentava vender o bloco de controle da Cesp. “O grupo vencedor tem um fundo de pensão de US$ 356 bilhões de patrimônio, portanto, é bastante sólido. Ele investiu em um ativo saudável e bem gerido pelo governo de São Paulo”, completa.
Ainda de acordo com a pasta, a operação de transferência do bloco de controle acionário da Cesp é a continuidade de um processo iniciado em 2016, conforme o cronograma e diretrizes estabelecidas pelo CDPED (Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização).
Guerra judiciária
A privatização da companhia permite que seja renovada a concessão da UHE (Usina Hidrelétrica) Engenheiro Sérgio Motta, de Porto Primavera - localizada em Rosana -, por mais 30 anos. Além da unidade citada, a Cesp detém controle de outras duas usinas: em Jaguari e Paraibuna.
Antes disso, a guerra judiciária que partiu do anseio popular e do Sinergia (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de Campinas), contrários à causa, só foi solucionada às vésperas do leilão. Isso porque a PGE (Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo) conseguiu tornar nula, na manhã de ontem, a liminar que concedida a suspensão do processo de renovação do contrato da hidrelétrica de Porto Primavera, a principal da Cesp.
A decisão foi contra a proferida pelo juiz Newton José Falcão, da 2ª Vara Federal de Presidente Prudente, que tinha acolhido um pedido de liminar determinando que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) suspendesse o trâmite.
O Sinergia foi procurado para falar sobre a venda das ações, mas a reportagem não recebeu posicionamento até o fechamento desta edição.
NÚMEROS
R$ 14,60
valor pago pelo Consórcio São Paulo Energia por ação
116.450.219
é a quantidade de ações disponibilizadas no certame
R$ 1,7 bilhão
serão pagos pelo bloco acionário vendido
