Covid-19 acende alerta nas penitenciárias paulistas

EDITORIAL -

Data 09/05/2020
Horário 04:20

No decorrer da semana, a reportagem acompanhou a situação vivenciada pelos servidores penitenciários do Estado de São Paulo, diante da pandemia do novo coronavírus. O Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo) divulga diariamente o levantamento feito entre os filiados sobre os casos da Covid-19 nas unidades paulistas – dados que divergem com o balanço divulgado pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), o que causa preocupação.

Até o dia 30 de abril, quinta-feira da semana passada, eram nove infectados em todo o Estado e três óbitos, conforme divulgado pela pasta. Por sua vez, na época, o sindicato apontou 67 confirmações e três óbitos. Uma semana depois, o novo levantamento do Sifuspesp trouxe 94 casos confirmados do novo coronavírus entre servidores do sistema prisional, sendo sete mortes. Apenas na região de Presidente Prudente, somam-se 40 registros. A fim de cobrar transparência sobre o balanço, membros do Fórum Penitenciário estiveram com o secretário da SAP, Nivaldo Restivo, onde cobraram transparência.

A resposta: “os dados não vão coincidir, pois a SAP só contabiliza informações que estejam dentro dos critérios da Secretaria de Saúde”. Restivo ainda disse que o exame que comprova a doença precisa vir de um laboratório autorizado pelo Estado. A falta de informações oficiais preocupa. Isso porque o sistema penitenciário pode entrar em um colapso, caso os registros continuem crescendo. Até abril, segundo a SAP, eram 157 servidores afastados por suspeita da doença. Se somados aos casos confirmados tendem a aumentar, a segurança das unidades ficará comprometida.

A preocupação também reflete aos encarcerados. Num momento em que tanto se debate a superlotação dos presídios e a batalha enfrentada pela saúde pública, a crise pode se refletir de maneira ainda pior. Isso porque se o vírus se espalhar entre os sentenciados - somados aos servidores e ao restante da comunidade, a falta de leitos nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) também levará os hospitais especializados à falha no funcionamento.

O Estado já está fazendo sua parte, como distribuição de EPIs (equipamentos de proteção individual), produtos para higienização, máscaras, mudanças na jornada de trabalho e afastamentos de servidores. Cabe então à população fazer a sua parte para que o vírus não se espalhe. Como? Ficando em casa!!! Quem tiver que trabalhar, infelizmente não tem escolha, a não ser se cuidar. Se todos estivessem colaborando com as orientações dos órgãos de saúde, não haveria preocupação tamanha dentro do sistema prisional.

 

 

 

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