Redes sociais e saúde mental! Muita gente sofre com isso e vou explicar como escapar desta armadilha com o exemplo do técnico Renato Gaúcho do Fluminense, que semana passada pediu demissão após o clube ser eliminado da Copa Sul-Americana.
A demissão de Renato seria um ato normal, não fosse a justificativa dada por ele para sua saída: “Os gênios da internet estão acabando com o futebol”, dito em tom de ironia, claro.
Ele demonstrou total insatisfação com as críticas que o time e ele próprio receberam pelas redes sociais.
Este é o fato e aqui minha posição: Renato Gaúcho foi mais uma vítima da falta de estrutura ou de blindagem mental que atacam as celebridades e profissionais nas redes sociais.
O técnico não está errado em apontar para a toxicidade e o imediatismo presentes nas redes como fatores que tornam o trabalho insustentável.
Em escalas maiores como o dele e até em menores, como a de um diretor ou diretora de uma empresa, ou até em sala de aula, a internet, as redes sociais e os grupos de conversa conseguem ser, no mínimo, insuportáveis.
Pior ainda: a massa de críticos em rede possui muita informação disponível e isso faz com que muitos se considerem sim “gênios” na área que criticam.
Imagine que um ser humano médio pegue o esquema tático que Renato montou para o jogo da semana passada e jogue num modelo de Inteligência Artificial e peça uma análise?
Pronto, ele está munido de um arsenal de críticas. E se são corretas ou não, pouco importa. As críticas artificiais reforçam o que ele queria dizer e só isso já é suficiente! Quer mais: é incontrolável.
E uma vez que o caminho da crítica é irreversível, o problema é não ter capacidade de reação e, portanto, sinto em dizer para todos que sofrem com o drama, que a saída não é culpar o mensageiro e nem as plataformas. A saída é aprender a conviver e se preparar melhor.
Querer que a massa de internautas em rede pare de criticar é a mesma coisa que pedir que o mar não faça mais ondas.
A crítica e a reação popular são partes da natureza das redes, assim como a capacidade de suportar a crítica, independentemente de onde ela se origina, deveria ser também, da natureza dos que comandam ou possuem cargos em evidência.
Renato Gaúcho é um cara que ainda vive na década de 1990. Dá todos os sinais de que nunca se ajustou no mundo digital e que não se blindou, assim como outros nomes do esporte sofrem da mesma forma.
Em Tóquio, 2020, a ginasta americana, Simone Biles, foi a primeira grande atleta de alta performance a apontar que não tinha preparo mental para seguir competindo. Ela se preparou melhor e em Paris 2024, voltou com tudo.
A tenista brasileira, Bia Andrade, anunciou também na semana passada que vai abandonar os torneios nesta temporada para descansar mentalmente.
Não é fácil! A liberdade de crítica do torcedor antes ficava na arquibancada durante os jogos. Agora, as reclamações, ainda mais vorazes, vão dormir junto com os atletas e a cada segundo aumentam em agressividade e quantidade.
Haja terapia, análise e saúde mental para suportar tudo isso junto!
Vai descansar, Renato, e aproveite para contratar uma boa assessoria para suportar as redes hoje em dia!