De pernas para o ar 

Estamos todos vivendo momentos de agonia com relação às guerras e aos fenômenos da natureza ambiental, trazendo graves consequências para toda a população. Os impactos provocados são de ordem material, financeiro e emocional. Lamentamos tantas perdas de vidas. De pernas pro ar, seguimos angustiados. 
Lembrei da canção da banda, Biquini Cavadão, “Vento, ventania me leve para as bordas do céu, eu vou puxar as barbas de Deus. Vento, ventania, me leve para onde nasce a chuva, pra lá de onde o vento faz a curva, me deixe cavalgar nos seus desatinos, nas revoadas, redemoinhos. Vento, ventania, me leve sem destino, quero juntar-me a você e carregar os balões pro mar, quero enrolar as pipas nos fios, mandar meus beijos pelo ar. Vento, ventania me leve para qualquer canto do mundo Ásia, Europa, América” ... (1991), por Miguel Flores e outros. 
Essa música evoca e nos toca, como um apelo ou alento sobre os conflitos contemporâneos e seus destinos, vivenciados por todos nós. Poderíamos estar soltando pipas ao vento, em vez de bombas ao relento. O vento e a ventania andam furiosos. As árvores em cumplicidade denunciam com suas raízes à mostra. Em seus lugares, os buracos e os escombros. São arrancadas com violência junto com toda sua história e territorialidade. Transformamos o permeável em impermeabilidades. Hoje estamos “envelopados” ou “envernizados”. E esse brilho nos cega em direção ao simples e puro. 
A realidade sinaliza que necessitamos de reflexões e que mudanças estruturais na forma de pensar e agir são urgentes. O que é preciso para amolecer os corações do ser humano? O que querem os “homens”? Kant nos alerta que, “Quanto mais amor mais fácil se torna a passagem”. Citando a antiga sabedoria chinesa expressa por Zhao Tingyang, por mais que queiramos verdadeiramente chegar à harmonia entre os povos, a harmonia não significa uniformidade: “Toda coisa perecerá caso se torne exatamente igual às outras [...]. A harmonia faz as coisas prosperarem, ao passo que a uniformidade as faz perecer”. Vamos tornar nossos sonhos realidade, ao invés de jogar bombas, vamos jogar beijos pelos ares.
 

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