Desenvolvimento do oeste paulista

OPINIÃO - Alexandre G. Bertoncello

Data 28/02/2019
Horário 05:32

Sou um apaixonado pelo tema desenvolvimento. E todos sabem que o oeste paulista (também conhecido como 10ª RA - Região Administrativa) hoje tem baixos índices de desenvolvimento. Tendo em vista que para entender o presente devemos aprender com o passado. Convido a observar três acontecimentos que colaboraram para sermos o que somos hoje.

Entre os rios do Peixe e do Paranapanema nasceu, em 1917, a capital da 10ª RA. A partir daí dois importantes fatos aconteceram logo após a emancipação de Presidente Prudente: o fim da primeira guerra mundial e a pior geada da história do estado de São Paulo, em 1918. Com o fim da guerra, o comércio mundial voltou a crescer e com a geada os preços do café e outros produtos agrícolas dispararam. Estes fatos impulsionaram a recém-aberta fronteira agrícola da região, produzindo diversas consequências tais quais: a valorização da terra, o aumento da população, principalmente em decorrência da migração e, o enriquecimento da região.

Em todo o mundo os produtos agrícolas tinham como principal rota de comércio a hidrovia: o Mississipi nos Estados Unidos, o Yangtzé na China, o Thames na Inglaterra, o Rena na Alemanha, o Nilo no Egito ou ainda, o Sena na França. Todos os rios do interior de São Paulo vão para o oeste e não para o mar e assim sendo, para superar este obstáculo criou-se uma força tarefa entre as estradas de ferro e os principais produtos agrícolas, principalmente o café. E, foi este binômio café/ferrovia que trouxe como principal resultado o desenvolvimento da região.

Na região norte, a Companhia de Estradas de Ferro do estado demorou a chegar. Os trilhos chegaram em Tupã em 1941, em Adamantina em 1950 e, em Dracena apenas em 1959. Enquanto isso, o consórcio Franco-Americano Brazil Railway Company chegou em Presidente Prudente e Presidente Bernardes em 1919, em 1921 em Presidente Venceslau e, em 1922 em Presidente Epitácio.

Um dos fatores do rápido desenvolvimento de Prudente foi a estrada de ferro, mas, vale destacar que caso o rio do Peixe corresse para o Tietê e o Tietê desaguasse no mar, provavelmente as cidades do norte da região teriam tido um desenvolvimento mais rápido. Porém, o fato é que entre 1920 e 1950 houve um forte desenvolvimento.

Por outro lado, na segunda metade dos anos 50, o Brasil iniciou o ciclo da chamada industrialização pesada. O plano de metas de JK (1956/61) apontou setores chaves, facilitou seu desenvolvimento com benefícios ficais e monetários, planificou e centralizou dados macroeconômicos e ao mesmo tempo, em 1957 estatizou todas as ferrovias de SP que curiosamente foram acabando.

Com isso, a indústria nascente do oeste paulista (Araçatuba e Presidente Prudente), que em 1950 representava 8,1% do PIB industrial paulista, perdeu rentabilidade, parou de investir e entrou em decadência. Nossa região que outrora atraía migrantes passou à condição de “exportadora” de gente. A prova é o crescimento populacional que demonstra que entre 1940/50 a população cresceu 9,9%, entre 1950/60 cresceu 6,9% e, entre 1960/70 caiu -0,3%. Assim, a grande pergunta é: o que aprendemos com estes fatos?

Publicidade

Veja também