A Diocese de Presidente Prudente encaminhou uma carta ao governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), cobrando ação do político diante da possível implantação de um aterro sanitário privado no bairro rural Timburi, em Presidente Prudente. O documento, assinado pelo bispo dom Benedito Gonçalves dos Santos, relata sobre o processo de licenciamento ambiental do empreendimento, que está sob análise do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente).
Conforme a Diocese, a área onde é proposto o aterro possui matas, cursos d’água, nascentes, poços, olhos d’água, áreas úmidas e afloramento de aquífero. "O processamento de lixo naquele local, além de ser um atentado a um santuário ecológico, propiciará um dano ambiental sem precedentes à região, já que além da poluição das águas subterrâneas, acarretará em dano ambiental nas cabeceiras de afluentes do Rio do Peixe", expôs o bispo.
Bispo, padres e integrantes do Movimento em Defesa do Timburi se reuniram ontem
Na carta, o líder religioso reforça a característica histórica do bairro e relata sobre a capela instalada na localidade, destinada à celebração das missas mensais do território, acrescentando que várias paróquias da Diocese realizam lá retiros espirituais, que envolvem a prática de desafios no interior de uma mata vizinha da propriedade onde poderá ser instalado o aterro. Segundo ele, é um local marcado por conversões e verdadeiros milagres na recuperação de jovens perdidos na sociedade em face de dependência química.
Dom Benedito finaliza o pedido de forma categórica, dizendo que o licenciamento representará "a destruição do local, num atentado gravíssimo à natureza e um desrespeito ao patrimônio histórico, social e cultural daquele bairro, além de extirpar um exitoso trabalho de recuperação de drogados que ali vem sendo desenvolvido nas paróquias". Em nome da Diocese de Prudente, ele solicitou que Alckmin cobre informações da Secretaria Estadual de Meio Ambiente sobre o processo de licenciamento do aterro sanitário, que vem causando revolta à população daquele bairro e de toda a cidade.
A carta foi divulgada em uma reunião realizada ontem entre o bispo, cerca de 50 padres de Prudente e os integrantes da comissão do Movimento em Defesa do Timburi. Na ocasião, eles definiram, inclusive, a celebração de uma missa na capela do bairro no dia 23, às 16h, conduzida pelo bispo diocesano.
Inquérito civil
O líder religioso aponta em sua carta que a implantação do aterro apresenta "graves irregularidades" apontadas pelo MPF (Ministério Público Federal). No início do mês, como noticiado por este diário, o órgão instaurou um inquérito civil para apurar responsabilidade criminal em razão de possível fraude no procedimento de licenciamento ambiental iniciado pela Geovision Soluções Ambientais e Energia Ltda, do grupo Estre.
Em nota, a empresa informou que demonstrará no inquérito que o CGR de Presidente Prudente atende a legislação ambiental, ressaltando que o projeto foi elaborado de forma que não haja interferência nas nascentes e nas suas áreas de preservação permanente, e contará com sistemas de proteção ambiental, tais como a impermeabilização prévia do solo, captação e destinação adequada do chorume, captação e queima dos gases, drenagem de águas pluviais e cobertura diária dos resíduos.
