Ana Maria Delfim celebra 48 anos da escola e, com humor e sabedoria, lança um apelo aos pais sobre a importância do amor, do limite e da verdadeira presença no Natal e no dia a dia
O Colégio Cotiguara realizou sua tradicional Cantata de Natal na última sexta-feira, mas, como de costume, o evento foi marcado não apenas pela beleza das apresentações, mas também pela reflexão inspiradora da diretora Ana Maria Delfim. Em um discurso que mesclou bom humor e profundas lições sobre educação e o tempo presente, a diretora abordou desde a história da escola até os elementos essenciais para a formação de crianças e adolescentes.
Contagem regressiva e a “Pegadinha da Idade”
Em 2023, o Cotiguara celebra 48 anos, iniciando a contagem regressiva para seu cinquentenário. A diretora fez questão de lembrar a importância dos ex-alunos que nasceram em 1977, ano de fundação da escola, e que farão 50 anos junto com a instituição, reforçando o valor da história e do início.
Em um momento de leveza, a diretora compartilhou uma anedota comovente sobre sua idade. Ao ser questionada por uma aluna do infantil sobre quantos anos faria, ela respondeu "Vinte e sete". Ao ser desmentida pela criança, ela revelou o truque: "Qual que é o inverso de vinte e sete? Escreve aí. Ela: 'Sete, dois. Setenta e dois.' Eu falei: 'Essa é a minha idade.'" A história serviu para ilustrar a inteligência e a curiosidade natural das crianças.
O poder da brincadeira e a necessidade de evoluir
Ana Maria Delfim destacou a importância de a escola acompanhar a modernidade, citando a adoção de ingressos e matrículas online, sugeridos pelos próprios pais. "Nós temos que evoluir, gente. Não é correr contra o tempo, [é] participar da atualidade, viver a verdade do momento e a facilidade de vida e organização de cada um de nós," afirmou.
Contudo, a principal mensagem sobre a infância reforça o oposto da vida digital: a liberdade de ser criança, de brincar e de se sujar.
"A sujeira sai. A fase da brincadeira passa, mas os aprendizados ficam e dão fruto."
A diretora defendeu o modelo de ensino do Cotiguara, onde as crianças correm, brincam e exploram, contra o ceticismo de alguns pais. Ela enfatizou que atividades como a Festa Cabelo Maluco, a Festa da Fantasia e o Banho de Mangueira são fundamentais para que as crianças possam vivenciar, criar e imaginar, pois "não pensem que brincar não é aprender. É descobrir”.
Leveza que se converte em sucesso acadêmico
O modelo de "leveza" do Colégio Cotiguara tem se provado um sucesso, conforme a diretora. Ela citou o desempenho de duas alunas do Nono Ano que, após a formação na escola, foram classificadas em 1º e 2º lugar no processo seletivo para o Ensino Médio em outra instituição, conquistando bolsas de 100% e 80%, respectivamente.
"Nossos alunos aprendem com alegria, convivem com respeito, compartilham experiências, desenvolvem autonomia, sensibilidade e responsabilidade," resumiu a diretora, garantindo que o método funciona "muito bem”.
Amor, limite e presença: A mensagem aos Pais
Ao encerrar a noite, a diretora deixou sua mensagem mais importante aos pais, fruto de anos de convivência e experiência. Segundo ela, para educar filhos autônomos, responsáveis e emocionalmente equilibrados, três elementos são essenciais e indispensáveis:
Amor: A base inegociável de toda relação.
Limite: "O não é um equilíbrio de vida, gente," alertou, reforçando a importância de orientar o próximo passo.
Presença: A verdadeira presença, que exige o abandono do celular. "Vamos jogar esse joguinho? Vamos passear. Vamos, vamos. Mas sem celular," pediu a diretora.
Ana Maria Delfim encerrou sua fala desejando que o Natal renove o compromisso dos pais de estarem verdadeiramente presentes na vida dos filhos, pois "o maior presente que podem dar a eles é o exemplo de uma vida de vida, com propósito e afeto”.