Do café à cana, Prudente evolui em suas culturas

Passando por fases, economia agrícola se consolidou no município e até hoje movimenta a capital da Alta Sorocabana

PRUDENTE - BIANCA SANTOS

Data 14/09/2017
Horário 13:47

Desde o início do século passado, a agricultura estimula a economia prudentina, porém, para alcançar o patamar atual, várias culturas adquiriram espaço nos solos, que tiveram como primeiros líderes os coronéis Francisco de Paula Goulart e José Soares Marcondes. De acordo com a Prefeitura de Presidente Prudente, o café promoveu a ocupação da região e foi o principal produto agrícola durante as décadas de 1920 e 1930 entre os imigrantes que chegavam à cidade pela ferrovia e impulsionavam o desenvolvimento do município.

“A cultura cafeeira era exercida por proprietários e colonos que estavam se fixando nas terras prudentinas, mas com a crise econômica de 1929 houve a decadência da produção que tornou a substituição para o algodão algo inevitável”, expõe a administração municipal. Assim que a nova lavoura se estabeleceu, empresas se instalaram na cidade, como é o caso da Sanbra (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileira) e as Indústrias Matarazzo comercializando e financiando pequenos produtores, já que houve o aumento no consumo da fibra.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Presidente Prudente, João Altino Cremonezi, explica que, ainda neste período, o plantio de hortelã foi iniciado na cidade e uma indústria do produto foi aberta no distrito de Eneida, confeccionando óleo de menta. “A empresa ficou aberta por 10 anos e simultaneamente a cultura do amendoim também foi ganhando espaço em conjunto com outras lavouras, como o café, milho, feijão e as pastagens que eram exploradas com o gado na zona rural nas próximas décadas até o presente momento”, conta.

Ainda segundo Cremonezi, o amendoim se fortaleceu na cidade até 1978, rotacionando a sua cultura com o algodão e voltou a ter força na agricultura nos últimos tempos. Porém, na década de 1970, logo que o algodão foi perdendo a força na capital do oeste paulista por falta de políticas agrícolas, as indústrias que haviam se fixado no município também fecharam as portas.

Já na década de 1990, o plantio de batata doce em Prudente se fortaleceu e seu cultivo continua até hoje. “Somos o celeiro da batata doce do Brasil por termos um solo propício para a exploração, também conhecido como arenoso, ao contrário do Estado do Paraná com a terra ‘roxa’, que não se adapta à cultura. Acredito que toda a nossa produção está sendo consumida aqui e no exterior”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

Para tanto, o produtor de batata doce de Prudente, Paulo Ronaldo Milani, lembra que começou a plantar a cultura em 1987 e chegou a possuir 70 alqueires de lavouras, porém, hoje está com três alqueires em áreas arrendadas. “O mercado no momento não está favorável para o cultivo e onde estou é uma área de pastagem degradada, faço a rotação para melhorar a qualidade daquele solo. Para isso, trabalho com a minha família na lavoura, assim como a maioria dos produtores da região”, considera.

 

Censo Agropecuário

Conforme o último levantamento do Censo 2007/2008, realizado pela Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), a área destinada para a agricultura em Presidente Prudente abrangia naquela época 48.697 ha (hectares), sendo 1.603 propriedades rurais. Desta área, 8 mil ha eram ocupados pela cana-de-açúcar e 1.062 ha por plantações de batata doce. Havia também 1.279 propriedades com a exploração da pecuária de leite e corte, contendo 3.246 e 31.273 cabeças, respectivamente na cidade nos anos abordados.

Segundo o diretor regional da Cati regional no município, Marco Aurélio Fernandes, além do destaque destas atividades, as hortaliças com olericultura e a fruticultura tem ganhado cada vez mais espaço no cenário prudentino. “Por serem exploradas em sua maioria por agricultores familiares, a tendência dessas plantações é que se fortaleçam, visto que houve o aumento das políticas públicas para este tipo de cultivo”, afirma o diretor regional.

O produtor de hortaliças em Prudente, Carlos Eduardo Freitas Vieira, está no ramo há 22 anos e conta que a área da sua lavoura conta com três hectares, sendo que a pretensão é aumentar a área plantada, pois no período de entressafra é preciso suprir a demanda consumidora. “No ano passado, nós cultivamos dois hectares, já em 2017 estamos com três, e, no próximo ano, a expectativa é de quatro. Pensamos sempre no consumidor, já que atendemos 14 estabelecimentos na cidade. Trabalhamos em sete pessoas na produção, contando com a minha mãe e irmão”, afirma. Ainda segundo o produtor, entre as hortaliças produzidas na propriedade estão quatro tipos de alface, rúcula, almeirão, couve, brócolis, cheiro verde e espinafre. “São culturas diversas, mas com o ciclo curto do nosso cultivo, mesmo em uma pequena área, é possível arrecadar um bom valor”, expõe.

Um dos programas voltados para a consolidação da agricultura familiar citado por Marco Aurélio é o PPAIS (Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social), do governo do Estado, que visa estimular a produção e garantir a comercialização dos produtos de pequenos produtores. “Neste caso, 30% das verbas estaduais destinadas à compra de alimentos são utilizadas para adquirir produtos oriundos deste grupo, tanto in natura como manufaturados”, conta. Assim, o governo compra frutas, verduras, legumes e outros alimentos que são utilizados para a produção de refeições em unidades estaduais como hospitais, escolas e presídios.

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