Doação de órgãos: quando a dor se transforma em esperança

EDITORIAL -

Data 16/09/2025
Horário 04:15

Na madrugada de domingo, a Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente foi palco de um gesto que transcende a dor e reafirma a solidariedade humana. Um jovem de apenas 29 anos, morador de Rancharia, teve a morte encefálica confirmada após um grave acidente motociclístico. No momento mais difícil, a família tomou uma decisão que mudou destinos: autorizou a doação de seus órgãos.
Foram captados fígado, rins, ossos, córneas e, pela primeira vez neste ano, os pulmões. Um ato que não apenas honra a memória do doador, mas também renova a esperança de inúmeros pacientes que aguardam na fila do transplante. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, 72.856 pessoas no Brasil esperam por uma chance de viver novamente: entre elas, cerca de 1.100 crianças.
“Essa doação só foi possível graças à decisão da família, que optou por transformar a dor em esperança para outras vidas. Por isso, é importante falarmos sobre o assunto e deixar claro o nosso desejo de ser um doador”, reforça Anderson Milhorança, enfermeiro da Captação e Transplante de Órgãos.
Esse episódio local ecoa uma realidade nacional: o Brasil tem um dos maiores sistemas públicos de transplantes do mundo, mas ainda enfrenta o desafio da falta de doadores. Muitas vezes, a recusa da família é resultado do desconhecimento sobre a vontade do ente querido.
É preciso falar sobre doação de órgãos em vida. É preciso dizer “sim” de forma consciente, antes que o silêncio seja interpretado como negativa. No luto, cada decisão pesa, mas a generosidade pode transformar uma despedida em um recomeço para muitos.
A doação não anula a dor da perda, mas a ressignifica. O gesto da família de Rancharia é um exemplo poderoso de que, mesmo em meio às lágrimas, é possível semear vida.
Que este ato inspire conversas dentro das famílias, para que a esperança não dependa apenas de estatísticas, mas de escolhas conscientes que salvam vidas.
 

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