Com o objetivo de conhecer histórias de docentes que fazem a diferença no ambiente escolar e de homenageá-los neste 15 de outubro, Dia dos Professores,
O Imparcial ouviu relatos de docentes dos ensinos público e privado de Presidente Prudente, e constatou que a mudança de comportamento, tanto do aluno quanto da própria instituição, assim como "o não reconhecimento profissional", são os principais desafios encontrados atualmente pelos profissionais da área da educação.
A primeira leitura, o estímulo à reflexão, o início de um texto, a conclusão de uma conta de matemática, ou o entendimento da cadeia alimentar. Como numa construção, os professores sempre foram os precursores para o desenvolvimento da educação. São eles que acreditam na mudança social, e é deles parcela da responsabilidade na formação educacional de cada cidadão. A data, portanto, além de relembrar a importância desses profissionais, retoma os princípios, objetivos, desafios, estímulos e a realidade desses que, conforme a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), representam a "voz da comunidade".
Alice: "Ensinar o jovem a ser um cidadão é gratificante"
Para o professor de Filosofia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Wagner Aparecido Caetano, o principal desafio da profissão é "entender que o mundo mudou". Segundo ele, as pessoas, as relações, os comportamentos, os pensamentos, as famílias, a criança e, consequentemente, a escola, também mudaram. "O grande desafio é visualizar essas mudanças, desviando dos modismos dos tempos atuais, e direcionar o ato docente a algo que não esteja distante da realidade histórica, social, política e econômica", diz.
"Falta reconhecimento"
Entre os 1.913 professores da rede estadual da Diretoria de Ensino da Região de Presidente Prudente, que engloba 45 escolas em 11 municípios da região, o professor de Matemática dos ensinos médio e fundamental, da Escola Estadual Arlindo Fantini, Lúcio Miranda da Silva, que há 26 anos faz parte da rede, declara que o principal obstáculo a ser superado é "a falta de prestígio enfrentada pela classe de professores". "A rede pública tem muito que melhorar", aponta. Sobre a importância do ensinamento, Lúcio relata que conciliar o aprendizado com o interesse do jovem é o ponto de equilíbrio que deve ser atingido. "Procuramos sempre uma evolução, juntamente com os objetivos de cada aluno", comenta.
Com 25 anos de magistério, sendo 10 deles na área de formação de professores, quem também auxilia no processo de educação de jovens dos ensinos médio e fundamental é a professora de Matemática do Colégio Cooperativo, Alice Cristina Vaz Ibanhes Brito, 48 anos. Para ela, ensinar o jovem a ser um cidadão é a gratificação desta carreira. Alice ainda pontua que a pátria educadora é muito mais do que ensinar a ler e a escrever, uma vez que o acompanhamento a todas as etapas de formação deve ser a prioridade do ensino atual.
A professora, que atualmente trabalha em rede particular, já atuou na rede pública, e diz sentir a falta do reconhecimento desta classe. "Falta mais investimento nos professores da rede pública", diz. Em um comparativo entre as duas modalidades, Alice descreve que a escola particular possui uma tendência maior para a área universitária, enquanto a pública prevê a profissional.
Segundo a coordenadora regional da Apeoesp, Ana Lourdes Kuhn Lopes Pinheiro, as principais reivindicações da categoria se estabelecem de acordo com a não valorização da classe, onde condições como a jornada de trabalho, as condições das salas de aulas, como também o salário, "devem estar na prioridade de melhoria do governo".
A Diretoria de Ensino, por sua vez, explica que os professores contam atualmente com o apoio dos Núcleos Pedagógicos, unidades de apoio à gestão do currículo da rede pública estadual de ensino, que atuam preferencialmente por intermédio de oficinas pedagógicas, em articulação com as equipes de Supervisão de Ensino, e que geram diversas atribuições aos profissionais, "garantindo a melhoria de todas as vertentes de ensino".
