E a vida continua...

Persio Isaac

CRÔNICA - Persio Isaac

Data 01/11/2020
Horário 08:00

Encostei o carro no pequeno estacionamento da Imobiliária do Ari às 10h30. Tinha combinado com o advogado Deoclesio Lobo para encontrá-lo no Banco Mercantil. Minha aposentadoria tinha saído. Meu primeiro salário como o mais novo aposentado do Brasil. Cheguei em casa, a Mulher- Maravilha veio me dar os parabéns. Senti seu abraço carinhoso, parece que tinha ganhado na Mega Sena. Saiu a aposentadoria do papai, a mensagem pelo WhatsApp para minha filha Luiza. 
Logo mais à tarde, fui ao banco depositar o dinheiro e pagar algumas contas, só pra variar. Lá pelas 17h30, deixei o carro para minha filha, Flávia, na Audi, agência de propaganda do querido amigo Raul. Fica alguns quarteirões de casa. Fui caminhando e recebo pelo Whats um convite do Raul Campos para ir numa reunião na quinta-feira, discutir, propor projetos para dinamizar o jogo de xadrez em Prudente.  Adoramos xadrez. Irei com o maior prazer. 
Nessa caminhada, de volta pra casa, começa a passar um filme da minha vida. Lembrei do meu primeiro emprego e dos amigos que me arrumaram, Tocá Dias e o Niltão (in memoriam). Amigos-irmãos a minha eterna gratidão. Senti um pouco de melancolia. Tantas coisas que passei até chegar onde estou. Sei exatamente onde é o meu lugar. Lembrei de uma música do Belchior: 
“Fique você com a mente positiva.
Que eu quero é a voz ativa (ela é que é uma boa!)
Pois sou uma pessoa
Esta é minha canoa. Eu nela embarco
Eu sou pessoa!”
Continuo andando, pensando no tempo, na juventude alegre que tive, menos no futuro que é uma abstração.  O amigo Telmo Guerra passa de carro e buzina, dá um tchau. Outro que adora jogar xadrez. Oh Telmo, precisamos nos ver mais. O lírico bolero de Rodrigo Amarante, que foi o tema-musical da excelente série “Narcos”, chamado “Tuyo”, (seu) me vem à cabeça. Começo a cantar caminhando entre os pensamentos de antes e de agora: 
“Soy el fuego que arde tu piel 
Soy el agua que mata tu sed
El castillo, la torre, yo soy
La espada que guarda el caudal

Tú, el aire que respiro yo
Y la luz de la luna en el mar
La garganta que ansio mojar
Que temo ahogar de amor”.

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