Elvis, 43 anos sem o Rei do Rock

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor do verso e da versão

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 16/08/2020
Horário 05:46

Entre o fim da década de 30 e até meados dos anos 50 do século passado, a família de Elvis Presley era mais pobre do que as famílias negras mais carentes do Mississippi e do Tennessee, no sul dos Estados Unidos. A situação só melhorou quando Elvis passou a trabalhar como motorista de caminhão em uma empresa de eletricidade.
Logo depois, em 1954, ele gravou seu primeiro disco na gravadora Sun, em Memphis, cujo dono era o lendário Sam Phillips. Elvis gravou músicas caipiras (country). De um lado, Thats All Right Mama, do cantor country Arthur Crudup. Do outro, Blue Moon of Kentucky.
A partir daí Elvis Presley assinou contrato com a RCA Victor e estourou no norte e no sul, sem contar o leste e o oeste, vendendo milhões de discos. Elvis foi o cantor (carreira solo) que mais vendeu discos mundo afora. A conta beira 1,5 bilhão de discos vendidos, mas há controvérsias: Michael Jackson teria vendido mais do que o sogrão. Nenhum dos dois campeões, no entanto, superou The Beatles, que vendeu 1,6 bilhão de discos.
Elvis estreou no cinema em 1956 com o filme “Ama-me Com Ternura”, cuja canção-título, “Love me Tender”, é de sua autoria em parceria com Vera Matson.
No elenco está a atriz Debra Paget, que à época foi considerada a mulher mais bonita do mundo. De fato, ela era um pedaço de bom caminho e - olha só! - Elvis a pediu em casamento. A atriz recusou, segundo ela disse em uma entrevista. Ele casou 11 anos depois com Priscilla Ann Beaulieu, que conheceu quando servia ao Exército na Alemanha.
Os dois se divorciaram em 1973 e o pivô do rompimento teria sido a atriz Ann-Margrett, sueca naturalizada americana e também outro pedaço de bom caminho, mulherão mais gostosa do que morango com chantilly. Priscilla não perdoou a traição e, de menina que Elvis "pegou para criar" aos 14 anos, soltou a franga e arrumou namorados, entre eles o professor de caratê do cantor.
Elvis, o artista mais fotografado do mundo, teve uma penca de belas mulheres, além de Priscilla e Ann-Margret. Teve um caso com Natalie Wood, que o achava meio tímido. 
Parece que também namorou a atriz Dolores Hart, com quem contracenou no filme “Balada Sangrenta”, o melhor dos 32 filmes do rei do rock. Dolores era sobrinha do tenor Mario Lanza, o cantor favorito de Elvis. Ela tornou-se freira. Entre as mulheres de Elvis também estão Ginger Alden, talvez a mais bonita do harém, e Linda Thompson, atriz e ex-miss Tennessee.
O rei do rock considerava Roy Orbison o maior cantor popular do mundo. Elvis cantava como negro. Também usava roupas coloridas, como os negros. Ele era loiro e pintava o cabelo de preto numa época em que todos queriam ser loiros de olhos azuis. Elvis requebrava nos shows e se um cantor negro fizesse isso seria linchado pela Ku-Klux-Klan ou massacrado pela elite branca da moral e dos bons costumes.
 Copiou o topete do cantor negro Jackie Wilson, mas também dizem que o famoso topete foi copiado do ator Tony Curtis. 
Um blues foi um dos primeiros sucessos do cantor. É “Hound Dog”, gravado antes pela cantora Big Mama Thornton. Por cantar como preto, Elvis chamou a atenção dos músicos negros. Eles também se surpreenderam com os rocks da dupla Jerry Leiber e Mike Stoller. Achavam que os dois eram negros, quando na verdade eram brancos e judeus. Leiber e Stoller, talvez a dupla de compositores mais famosa do rock, foram responsáveis por quase 30 sucessos de Elvis, incluindo “Jaihouse Rock” e “King Creole”, que atingiram o primeiro lugar nas paradas de sucessos. 
Mas o maior sucesso do rei do rock não foi um rock. Foi uma música clássica italiana, “O Sole Mio”, de Ernesto Di Capua, que em inglês virou “It´s Now Or Never”. Elvis também gravou música brasileira, no caso, bossa nova, a bela “Almost In Love”, de Luiz Bonfá, apresentado a Elvis pela atriz Ava Gardner, o grande amor de Frank Sinatra e por quem ele arrastava um transatlântico. 
Todos sabem que Elvis teve um irmão gêmeo, o Jesse, que morreu na hora do parto. Durante reuniões com assessores em Graceland, o cantor deixava o grupo e ia ao jardim para conversar com o espírito do irmão, sem esconder isso dos amigos. 
Dizem que Elvis era drogado. Não é verdade. Ele era careta, mas tomava calmante para dormir e, para não ficar sonolento durante o dia, também tomava remédio, mas tudo receitado pelo médico da família. Daí surgiu o boato de que ele usava drogas.
 Elvis era generoso com os amigos, aos quais dava presentes caros, como ônibus, carros e até avião. Uma vez uma senhora negra ficou "namorando" um Cadillac exposto numa loja. O cantor viu a mulher e se aproximou. "A senhora quer este carro?", perguntou Elvis. Claro que a senhora queria. Ele comprou o carro para a mulher que sorriu de orelha a orelha.
Não é exagero dizer que Elvis, o único "rei" dos EUA de tantos presidentes medíocres, morreu pobre em 16 de agosto de 1977. Tinha pouco dinheiro no banco. Ele tinha cerca de um milhão de dólares na poupança e alguns caraminguás na conta corrente, assim mesmo nesta ordem. 
É pouca grana para uma estrela do porte dele. É claro que, após a morte do cantor, milhões de dólares, na forma de direitos autorais, começaram a cair do céu para alegria e conforto dos herdeiros. A chuva de dólares continua e, pelo jeito, não vai parar tão cedo, como também não vai parar o culto ao mito Elvis Presley, uma lenda do rock e um ícone da cultura popular.
Ainda sobre o rei do rock, vale lembrar o que disse o lendário apresentador de tevê Johnny Carson: "Se a vida fosse justa, Elvis não teria morrido e seus imitadores estariam todos mortos".   

DROPS

Faço sexo quase todo dia: quase na segunda-feira, quase terça, quase quarta... (Pedro Bial)

Os calos são produzidos por sapatos de qualquer cor.
(Barão de Itararé)

Carro é como mulher: bom para quem tem dois.
(Stanislaw Ponte Preta)

Estamos todos na mesma nave espacial? Carece perguntar ao comandante.
 

Publicidade

Veja também