Neste 4 de outubro, quando o mundo celebrou o Dia Mundial dos Animais, instituído em 1931 para reforçar a importância da proteção e do respeito a todas as formas de vida, é impossível ignorar um cenário alarmante que se desenha em Presidente Prudente. A Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) tem recebido, de forma recorrente, denúncias graves que vão desde agressões físicas e envenenamentos até abandono de animais em vias públicas e imóveis desocupados.
O que antes já era preocupante, agora se torna ainda mais urgente: nos últimos três meses, houve um aumento de aproximadamente 30% nas denúncias de maus-tratos, se comparado ao mesmo período anterior. O dado, revelado pelo presidente da Comissão, Carlos Augusto Rodrigues da Silva, serve como alerta não apenas às autoridades, mas a toda sociedade.
Esse crescimento não pode ser tratado como uma estatística isolada ou um problema periférico. Trata-se de uma questão ética, legal e social. Maus-tratos a animais não apenas configuram crime, previsto em lei, mas refletem a incapacidade de parte da população de conviver com o respeito e a empatia que a vida — seja humana ou não — exige.
O abandono, por sua vez, escancara outras feridas: o despreparo de muitos tutores, a falta de políticas públicas efetivas de controle populacional, de castração e de incentivo à adoção responsável. Soma-se a isso a carência de fiscalização, punições brandas e a invisibilidade que ainda cerca a causa animal em diversos setores do poder público.
O Dia Mundial dos Animais deve ir além das homenagens simbólicas. É hora de olhar com seriedade para o que está acontecendo em nossa própria cidade. Denunciar é um passo fundamental, mas prevenir, educar e agir de forma coletiva é ainda mais necessário.
A defesa dos animais não é um gesto de bondade: é um compromisso civilizatório. E enquanto houver um só animal sendo maltratado ou abandonado, haverá motivos para indignação — e, sobretudo, para ação.