Endividamento do brasileiro

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 19/02/2022
Horário 05:00

A alta dos juros aprovada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) e divulgada no início de fevereiro tem chamado a atenção dos investidores internacionais que injetam dólares no país à espera de bons rendimentos. A lei da oferta e da demanda, diante da entrada de mais dinheiro estrangeiro, faz com que o real se valorize e o dólar baixe. Um outro efeito, segundo especialistas, é a redução do endividamento da população tendo em vista que juros maiores deixam as dívidas menos atrativas.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) divulgou a queda de 0,2% no endividamento. Segundo o artigo publicado na CNN Brasil, foram “13 meses consecutivos de alta, o endividamento das famílias brasileiras caiu em janeiro no país”. 
No mesmo artigo, o coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira, afirma que a redução do endividamento é influenciada pelo “pagamento do 13°, valor adicional que os trabalhadores receberam ao final do ano. Historicamente, esse pagamento ajuda os brasileiros a quitarem as dívidas. Além desses fatores, temos a instabilidade política, que cresce com a aproximação das eleições (...) nestes momentos as pessoas ficam mais cautelosas, ou seja, contraem menos dívidas”.
A redução do endividamento é um alento diante de uma multidão de brasileiros que devem neste momento. Segundo a CNC, 76,1% das famílias têm algum tipo de dívida. Parte destes, 10%, relata que não há condições de pagar as contas em atraso. Cartão de crédito é de longe o maior problema enfrentado por estes brasileiros e representa mais de 80% das dívidas. Outras fontes de endividamento foram consideradas, como: cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação do carro e de casa. 
O endividamento do brasileiro de 76,1% em 2022 ante 66% de 2020 é alarmante, pois estamos numa crescente e o cidadão endividado tem dificuldade em gastar e poupar. A queda de 0,2% é ínfima diante do problema que estamos enfrentando. Pessoas endividadas reduzem o consumo e, com isso, o desenvolvimento econômico é afetado. Sabe-se que há motivos de força maior que levam as pessoas a se endividarem, no entanto, aprender a refrear impulsos de compra e organizar as finanças pode ser parte da solução, tendo em vista que o consumidor ideal não é aquele que compra muito e sim o que compra sempre!
 

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