Entidade fomenta inserção de autistas no convívio social

Lumen et Fides, em Prudente, atende 151 pacientes, entre eles, 55 com autismo; falta de estrutura impede ampliação do atendimento às 40 pessoas que aguardam em lista de espera

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 02/04/2017
Horário 01:38
 

Hoje é lembrado o Dia Mundial do Autismo. Data importante para a Lumen et Fides, entidade de Presidente Prudente que cuida de crianças especiais que portam a doença, além de deficiências múltiplas. A comemoração não é em relação à patologia, mas fica por conta do desenvolvimento e dos progressos conquistados. Com um quadro composto por 151 pacientes, sendo 55 com autismo, a instituição expõe que nem tudo são ganhos, e relata que está em seu "teto máximo". Portando uma lista de espera com 40 pessoas, há três anos o número de vagas não pode ser alterado pela falta de estrutura.

Jornal O Imparcial 55 crianças que portam a doença recebem atendimento de saúde e educacional na Lumen

Hoje, para desenvolver seu trabalho, a entidade possui convênio com a Prefeitura, bem como com a Secretaria de Educação do Estado, SUS (Sistema Único de Saúde) e colaboradores. A diretora pedagógica da instituição, Perla Cristiana Roel de Oliveira, lembra que as dificuldades não podem ocultar o principal foco dos trabalhos, que é promover a conscientização das pessoas, no sentido de mostrar que aqueles que portam a doença são capazes de conviver em sociedade.

Para que isso ocorra, o local possui dois tipos de atendimento, na área educacional e na saúde. As principais ferramentas oferecidas são a equoterapia, desenvolvida com cavalos, e a aquaterapia, na piscina. "São as atividades que possuem mais aceitação pelos alunos. Muitos chegam aqui sem até mesmo saber falar ou ler. Com a interação promovida entre eles, vão demonstrando capacidades e aptidões de uma pessoa ‘normal’, o que, na verdade, é a forma como eles realmente deveriam ser vistos na sociedade", expõem Perla.

 

Preconceito

Quando se é criança e adolescente, o primeiro dia de aula é marcado por um nervosismo e uma ansiedade sem igual. Durante a noite é um frio na barriga. Ao acordar de manhã, corre para se arrumar e preparar o material. Ao chegar à escola, sorriso no rosto e coração acelerado. Embora comum, essa é uma realidade que não se aplica à Manoela Lores Silva Miranda, 15 anos. Pelo menos, não antes de entrar para a Lumen et Fides.

A história, dessa vez, é tomada por preconceito e solidão. O frio na briga some e a ansiedade de entrar na escola dá lugar à vontade de ir embora. Vítima de bullying, como muitas outras crianças, Manoela conta que antes de chegar à entidade, encarou a escola do ensino tradicional, e não tem boas lembranças disso. "Eles riam de mim. Eu não tinha amigos para poder conversar e brincar. Tudo que eu fazia era motivo de piada. Até mesmo os professores não falavam comigo. Era muito triste e eu não me sentia fazendo parte daquele mundo. Hoje não, hoje estou feliz por estar aqui", conta.

Assim como Manoela, ainda de acordo com a diretora pedagógica, outras crianças enfrentam o mesmo problema constantemente. "Muitos dos que são atendidos aqui vieram de escolas regulares, nos quais os próprios pais disseram que desistiram de cuidar de alguém que necessita de um atendimento especial", expõe.

 

Alusão

Para lembrar da luta diária pela inclusão social e em alusão ao Dia Mundial do Autismo, a Lumen organiza a 3ª Caminhada Azul. Amanhã, a partir das 8h30, o percurso tem a saída marcada na pista de skate do Parque do Povo. Os interessados devem comparecer ao local vestindo uma camiseta azul. A participação é gratuita.

 
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