João Cláudio da Silva/PTdoB
Bárbara Marques e Silva/ PTdoB

Os grandes problemas de Prudente são saúde, educação e transporte
O candidato a prefeito, João Cláudio da Silva, Dodô, aposta em uma gestão voltada para as três principais áreas que podem ser consideradas os gargalos da cidade em sua opinião. Para sanar as deficiências pretende "devolver" à população o pronto-socorro da santa casa, construir mais creches para tentar minimizar o déficit de vagas na educação infantil, além de exigir melhorias na qualidade do serviço de transporte coletivo.
O Imparcial: Na visão do senhor, qual a principal deficiência da capital da Alta Sorocabana e como revertê-la?
Prudente não tem apenas uma deficiência, mas três grandes problemas que estão afligindo muito a população, que são: saúde, educação e transporte. A partir de agora, as pessoas não vão poder ir direto ao HR Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, o que vai trazer um sofrimento muito grande para o povo, já que os postos de saúde não têm como receber essa demanda. Por isso, uma das propostas que trazemos é de reabertura do pronto-socorro da Santa Casa de Misericórdia, que é um dos melhores hospitais da região e só atende os que têm planos de saúde. Para o pessoal que precisa do SUS , que realmente sofre, a gente poderia reabrir o atendimento na unidade.
Dentro de seu plano de governo, qual seria o projeto carro-chefe?
Saúde, com certeza, por meio da devolução da santa casa para o povo de Prudente. Há muitos anos, o hospital passou por um momento muito difícil e as pessoas contribuíam doando valores, pequenos por meio da conta de energia. A santa casa deu uma aprumada, acertou suas despesas e, então, a população deixou de contribuir.
Qual sua proposta de trabalho na área da educação? Tem metas?
Eu preciso tirar todas as crianças da rua. Hoje temos cerca de 1,5 mil crianças aguardando vaga em creche e toda semana eu recebo mães pedindo ajuda para conseguir uma vaga para seus filhos. Há 16 anos, o déficit de vagas permanece na educação, então, nossa ênfase será construir creches em áreas críticas, em que há concentração maior de crianças. Locais mais pobres onde a vida insiste em nascer. São essas pessoas que o poder público deve priorizar.
Como o senhor avalia a gestão compartilhada de escolas, como ocorre hoje por meio do Ciop (Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista)? Se favorável, pretende expandir essa cogestão, caso eleito?
Tudo que é para ajudar a população é bom, eu sou favorável. Podemos estudar uma forma de ampliar e melhorar, mas sou a favor.
O Hospital Regional iniciou ontem um novo sistema de assistência referenciada, priorizando casos de média e alta complexidade, considerados graves ou gravíssimos, transferindo ocorrências simples para UBSs (Unidades Básicas de Saúde), ESFs (Estratégias de Saúde da Família), UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) e unidades 24 horas. Como fazer com que as unidades consigam absorver essa demanda?
Eu fiz uma reunião no bairro Sumaré e tinha uma senhora muito simpática que me disse que só pode ficar doente segunda e sexta-feira, pois são os únicos dias em que há médico lá. Os postos de saúde não estão capacitados para receber esse contingente de pessoas, será um caos. Temos urgentemente que reabrir o pronto-socorro da santa casa e investir na contratação de médicos e funcionários, caso contrário, haverá um colapso na saúde de Prudente.
Conforme cálculos da Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública), a frota da cidade quase alcança um veículo por habitante. Como sanar essa briga por espaço na malha viária urbana?
Isso é também uma questão cultural. Antigamente, meu pai tinha apenas um carro para atender toda a família, enquanto hoje, nos núcleos familiares, cada membro tem um veículo. Vai chegar um momento que teremos que fazer rodízio por placas, como ocorre em São Paulo.
A atual gestão elaborou um Plano de Mobilidade Urbana para os próximos 15 anos. Embora algumas obras estejam em andamento, a aplicação das medidas, em sua maioria, ficará para a próxima administração. Como lidar com o desafio de assumir o encargo destas mudanças e ainda garantir a manutenção do sistema?
O próximo prefeito precisará ser bem criativo, pois em curto prazo não há como resolver o problema da mobilidade em Prudente, uma vez que a cidade não foi planejada, tem ruas muito estreitas.
Temos um projeto para que os ônibus não entrem mais no centro da cidade e fiquem apenas circulando ao entorno do quadrilátero central nos horários de pico. Precisamos também aumentar as vagas de estacionamentos para idosos e deficientes.
E o transporte coletivo? A proposta em andamento é a abertura de uma nova licitação. O senhor investirá esforços para a remodelação? E quanto à tarifa e qualidade do sistema?
Precisamos reestruturar sim o transporte coletivo. Precisamos de ônibus novos em que os motoristas não acumulem a função de cobrador. Devemos ter mais empresas também participando da concorrência dessa reformulação. A qualidade do transporte urbano é péssima e o quilômetro rodado está entre os mais caros em todo o Estado.
Como o senhor analisa a implantação dos controladores de velocidade (radares) nas vias de Prudente? Pretende expandir?
Pelo contrário, eu quero rever os contratos. Os radares não estão aferidos e consistem em uma máquina de ganhar dinheiro. Muitas pessoas da região não vêm mais para cá, justamente por conta desses dispositivos, evitando as principais avenidas.
Prudente, ao longo dos anos, não conseguiu por fim ao seu lixão. Como resolver este problema?
Há um estudo que aponta que o local correto para a instalação do aterro sanitário em Prudente é a zona sul da cidade.
Eu pretendo instalar, portanto, um aterro nessa área.
De que forma quer fomentar a economia do município, a abertura de novas empresas e a geração de empregos, em meio à queda na arrecadação e recessão econômica?
Não tem outro jeito se não for através de isenção. Precisamos doar terrenos em áreas estratégicas como nas margens de rodovias, baixar impostos e atrair empresas para Prudente. Na minha administração quero fazer acordo com empresas para que contratem mão de obra daqui. Existem algumas empresas que trazem seus funcionários de fora ou contratam pessoas da região, aí não adianta. Essas empresas ajudariam a disseminar uma boa imagem de Prudente, que deixaria de ser apenas uma região conhecida por ter muitos presídios.
O que o senhor promoverá, no âmbito financeiro, para equilibrar os cofres públicos? Como manter o atual superávit?
Precisamos investir dignamente o orçamento municipal nos serviços básicos e evitar obras desnecessárias. Por exemplo, fizeram uma academia da terceira idade na zona leste, e a tiraram de lá para construir um dos terminais urbanos. Todo o investimento, então, foi perdido. Fazer obra só para dizer que está trabalhando não adianta nada, não é duradouro.
Nos últimos anos, Prudente se tornou canteiro de obras realizadas por meio de parcerias com os governos do Estado e federal, que hoje estão escassas. Como manter o mesmo nível de investimento em um panorama menos favorável, sobretudo com perda de representatividade parlamentar?
É importante tentar buscar recursos junto ao governo federal e com parlamentares, mas a população precisa votar em candidatos da cidade, da região. O prefeito de Prudente será um líder regional, do oeste paulista, então, ele terá naturalmente o poder de articular com pastas do governo estadual para conquistar recursos e investimento. O cargo já traz essa liderança.
Nas áreas de cultura e turismo, quais projetos de incentivo?
Há um tempo atrás, tínhamos o domingo no bairro, levando cultura, teatro, esportes, enfim, todo o aparato do poder público para atender aquela região. Eu quero voltar com esse projeto, que acho muito bacana. Precisamos também resgatar a Cidade da Criança que está em Prudente, mas os próprios prudentinos não usufruem muito, até porque, por exemplo, o custo do Parque Aquático está caro. Eu quero tornar o complexo mais acessível para a população.
Como será sua atuação frente ao Grêmio Prudente? E qual seria sua postura em relação à escassez de recursos e necessidade de investimento nos atletas prudentinos?
O futebol profissional na cidade fica a cargo do empresariado, pois como prefeito eu tenho outras prioridades, mas quanto ao esporte amador eu pretendo sim dar todo apoio.
O senhor pretende continuar os projetos desenvolvidos na atual gestão? Por quê?
Pretendo continuar com os bons projetos. Mas vamos estudar as formas de melhorar cada um deles. Os que não estiverem atendendo bem a população precisarão ser revistos.
Qual seu critério para a escolha do secretariado?
Tem que ser um profissional da área da pasta, nada de apadrinhamento político. O secretário de Saúde precisa ser médico, o de Obras deve ser engenheiro, precisa ser alguém confiável e com conhecimento.
Por qual razão o eleitor deve colocar a máquina pública em suas mãos?
Eu me considero um cidadão extremamente preparado. Eu conheço a LDO , os recursos que precisam estar em cada secretaria, já fui funcionário público e vereador, então, não estou chegando agora. Eu sei como funciona, conheço as leis e trabalhei em cima delas. Porém, meu compromisso é com os mais pobres e eu não escondo isso de ninguém. Eu quero estar ao lado das pessoas que realmente precisam do poder público em âmbito municipal.
PREFEITO
Nome completo: João Cláudio Da Silva
Nome para urna: Dodô
Idade: 51
Estado civil, filhos: Divorciado, quatro filhos
Grau de instrução: Superior incompleto
Ocupação: Comerciante
Partido: PTdoB
Coligação: União Popular
Histórico político/candidaturas: Concorreu ao cargo de prefeito de Presidente Prudente nas eleições municipais de 2000, 2008 e 2012. Foi vereador de 1989 a 1992
VICE-PREFEITO
Nome completo: Bárbara Marques e Silva
Nome para urna: Bárbara
Idade: 21
Estado civil, filhos: Solteira, sem filhos
Grau de instrução: Superior incompleto
Ocupação: Estudante
Partido: PTdoB
Coligação: União Popular
Histórico político/candidaturas: Pela primeira vez pleiteia um cargo público