Imagine entrar em um cômodo, acender a luz e dar de cara com um escorpião saindo do interruptor. Este foi o susto que a auxiliar de escritório Luciana Mangueira Doroteu de Carvalho, 31 anos, levou dentro de sua residência no Jardim Ouro Verde, em Presidente Prudente. O problema com os aracnídeos não é novidade no bairro e já foi noticiado por este periódico em julho e outubro do ano passado, no entanto, segundo a moradora, ele ainda persiste e ameaça a segurança da família em sua própria casa. Conforme Luciana, os escorpiões são provenientes de uma mata localizada no entorno da Rua Adolpho Albarelli Rangel, na altura do número 12, que, exposta à população mal intencionada, serve como depósito irregular de lixo e outros materiais que contribuem para a proliferação destes animais indesejados.
Maria Elza foi picada por escorpião no ano passado
Uma vez que se trata de uma APP (área de preservação ambiental), o que, de acordo com a Prefeitura, restringe as ações da administração pública, Luciana conta que a situação está longe de ser solucionada e, enquanto isso, os bichos estão infestando as casas da população. "Quando encontramos o escorpião saindo do interruptor, tivemos que abrir todas as tomadas, encher o espaço vago de espuma e lacrá-las com fita larga", afirma. Medidas protetivas como essa são tomadas todos os dias na casa da auxiliar de escritório. "Já colocamos tela em todos os cômodos e, antes de dormir, olhamos cada parte da casa. Mesmo assim, sempre acabo pega de surpresa. Há um mês, encontrei meu filho de cinco anos descalço ao lado de um no banheiro", comenta.
A criança é a principal preocupação de Luciana, cujos anseios também já são compartilhados por ela. "Ele me pede para mudarmos de casa, mas como vamos sair daqui se eu ainda estou pagando essa?", questiona. A munícipe diz que permanece em contato com a Sosp (Secretaria Municipal de Serviços e Obras Públicas), contudo, a "única providência até agora foi a limpeza de apenas um pedaço da mata". Ela enfatiza que a pasta havia previsto para janeiro a implantação de um cercado no entorno, o que ainda não ocorreu. "Alegam que é uma área de preservação ambiental e não pode receber intervenção. Estamos pedindo apenas uma boa limpeza, que não vai trazer danos para o espaço", denota.
Outros reclamantes
No ano passado, este jornal reportou a história da dona de casa Maria Elza Morato Soares, 61 anos, que acabou sendo picada por um escorpião quando arrumava a capa do sofá. Como estava sem óculos, a mulher não percebeu a presença do aracnídeo, sentindo apenas a intensa dor em seguida. A reportagem voltou a procurar a moradora, que vive de frente para a referida mata. Ela argumenta que, sem resolução em vista, a alternativa é ser mais cautelosa. "Tudo que vou pegar, é sempre com muito cuidado. Olho dentro dos sapatos, vivo tirando as roupas de dentro do armário e tento não deixar nada parado por muito tempo, senão eles se escondem ali. É uma situação difícil, pois quando chove, o mato cresce ainda mais depressa, aumentando o risco do aparecimento dos bichos", lamenta.
Para o mecânico Fábio Lopes Braz, 55 anos, falta mais ação da Prefeitura e consciência da população, que faz o descarte inapropriado do lixo sem pensar nas consequências. Tal atitude deixa a pensionista Eucília Gonçalves Bargas, 72 anos, inconformada: "O caminhão de lixo passa aqui toda semana pontualmente. Por que fazem o descarte na beira dos terrenos se o lixeiro passa direitinho?", questiona. A dona de casa Neyde Fabriz Milano, 61 anos, mora há um ano no Jardim Ouro Verde, mas já partilha a preocupação com os escorpiões. "Deixa a população em risco. O melhor a fazer seria cercar e fazer uma calçada, a fim de afastar os intransigentes", pontua.
Apoio da população
Por meio de nota, a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação) informou que a Prefeitura promove periodicamente ações de limpeza em bairros da cidade, mas necessita do apoio da população na manutenção dos espaços. Para tal, recomenda a não descartar lixo e entulho em terrenos baldios ou áreas públicas, denunciando aqueles que fizeram o despejo irregular por meio do telefone 156.
Quanto ao aparecimento de escorpiões, a administração orienta que os moradores vedem portas e janelas e isolem os ralos de pias e de banheiros, especialmente durante a noite, visto que os aracnídeos têm hábitos noturnos e podem se movimentar pelo esgoto; acondicione bem o lixo com a finalidade de impedir o aparecimento de baratas, posto que elas são fontes de alimento dos escorpiões; mantenham os quintais limpos e evitem entulhos como tijolos, telhas, madeiras e, na necessidade de guardá-los, construam uma estrutura para levantá-los; e batam roupas e calçadas antes da utilização. "Caso o cidadão encontre escorpiões próximos à sua residência, pode ligar para o CCZ e solicitar a visita de uma equipe ao local", pontua.
A reportagem ainda questionou a pasta sobre a implantação do alambrado e da calçada. "A previsão é que daqui a 60 dias comece a obra de construção do alambrado e da calçada", informa a Secom.
Estrutura do bairro
Ano de aprovação: 1992
Área de loteamento: 113.647,95 m²
Área verde: 11438.38 m²
Quadras: 20
Construções: 252
Terrenos baldios: 22
Fonte: Cadastro Técnico/Seplan
SERVIÇO
A população pode promover suas reclamações, críticas e elogios sobre o bairro em que reside. O contato deve ser feito com os profissionais da Pauta, por meio do pauta@imparcial.com.br, do telefone 2104-3732 ou do Whatsapp 99104-8537.
