Estado quer acompanhar casos de "longa espera”

Secretário estadual de Saúde, David Uip, comentou situação revelada em ação civil pública durante visita a mutirão em PP

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 24/03/2017
Horário 07:38


 

Em visita ontem a Presidente Prudente, o secretário estadual de Saúde, David Uip, declarou que o caso do paciente idoso, com câncer no nariz, pescoço e costas, que está aguardando por procedimento cirúrgico há quatro anos, é "desumano e inaceitável". A situação foi revelada na ação civil pública que solicita à Vara da Fazenda Pública a determinação ao Estado de zerar as filas de espera no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo e no AME (Ambulatório Médico de Especialidades). Em entrevista na Praça Nove de Julho, durante a realização do Megamutirão Estadual da Saúde, David afirmou que os casos citados no instrumento processual, de pessoas que estão à espera de atendimento desde 2011, serão verificados um a um.

Jornal O Imparcial Secretário percorreu o mutirão promovido das 7h30 às 15h, na Praça Nove de Julho

"Tive conhecimento de alguns casos e já estamos com os nomes dessas pessoas. O que me disseram, inclusive, é de um caso de um paciente com câncer que está esperando há 4 anos. Eu quero conhecer o caso, pois isso é desumano, inaceitável", considera o secretário. "O que me disseram aqui é que a espera em média por uma cirurgia é de dois meses. Os casos pontuais eu quero conhecer um a um. Isso é importante, pois não adianta só falar. Por isso, tudo que estiver fora do razoável, nós precisamos conhecer, ver e revolver", complementa.

Sobre a proposta da ação do MPE (Ministério Público Estadual), MPF (Ministério Público Federal) e Defensoria Pública para o Estado promover mutirões para extirpar as filas em prazo de 90 dias, o secretário pontua que respeita a demanda judicial, mas seu atendimento "não é tão simples". "Nós estamos fazendo o mutirão. E esse mutirão não é por pressão nenhuma, é uma decisão do governo. Quer dizer que a boa vontade do Estado existe", frisa. Destaca, entanto, que considera o mais importante, hoje em dia, a Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde). "Este é o sistema de inteligência da saúde, que disponibiliza vaga, encaminha. Esta demanda está sendo regionalizada e isso é um grande avanço, porque o entendimento desta região é diferente de outras", relata.

Na ocasião, David pontuou que a judicialização custou para o Estado, em 2016, R$ 1,2 bilhão. "Esse valor teve que ser retirado de um lugar para ser colocado em outro. Portanto, toda vez que eu tiver que decidir entre o individual e o coletivo, eu vou optar pelo coletivo", diz. "Entendo muito bem a posição dos promotores, que atendem individualmente o cidadão que chega com uma receita médica e, logicamente, espera uma resposta àquela demanda. Compreendo perfeitamente e admiro. Esta judicialização eu acho totalmente pertinente, pois o cidadão tem direito e o promotor, o juiz, o defensor público faz o que ele tem que fazer", pontua.

 

Mutirão


Em Prudente, David realizou uma visita técnica ontem ao HR, AME, Farmácia Regional e Setor de Fisioterapia. Ainda inaugurou um Centro de Diálise. Na sequência, percorreu o mutirão promovido das 7h30 às 15h, na Praça Nove de Julho, onde se encontrou com autoridades do município e a população. Ao todo, cerca de 110 profissionais, incluindo médicos e equipe multiprofissional, promoveram atendimentos sem agendamento prévio nas seguintes especialidades: cardiologia, dermatologia, psiquiatria, oftalmologia, psicologia, fisioterapia, enfermagem, serviço social, nutrição e farmácia. Até o início da tarde, mais de 1 mil pessoas tinham sido atendidas.

Questionado sobre a busca pelos atendimentos no mutirão por pessoas diferentes daquelas que aguardam por procedimentos no HR e AME em filas, o secretário falou sobre o absenteísmo de 18% registrado no ano passado. "Mas, estamos aqui para tentar resolver e isso depende de coisas inovadoras, proativas. Em visita técnica hoje vi o AME com 11 mil consultas ao mês, vi o ambulatório do HR com 12 mil consultas por mês, vi a inauguração de um Centro de Diálise que resolve os problemas relacionados no HR", ressalta.

 

Saúde em dia


A dona de casa Sônia Pereira dos Santos, 54 anos, estava na fila para fazer exames dermatológicos na ação de ontem. "Fiquei sabendo que ia ter o mutirão e aproveitei para vir fazer exames de pele, diabete, pressão. Acho que se fosse agendar no hospital ia demorar e aqui está sendo tudo rápido", comentou. As mesmas avaliações, incluindo ainda uma análise oftalmológica, foram feitas por Paulo Roberto Venturini, 59 anos, que teve conhecimento do mutirão por meio de um parente. "Estou fazendo um check-up", brincou.

 
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