Estimativa aponta população de 2 mil a 4 mil autistas em Prudente

Na rede municipal de Educação, são 456 estudantes com TEA; cidade ganhará centro de referência para este público, a fim de orientar toda a família

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 05/04/2023
Horário 15:36
Foto: Freepik
Prudente contará com um centro de referência do transtorno do espectro autista
Prudente contará com um centro de referência do transtorno do espectro autista

Há de 2,13 mil a 4,26 mil autistas em Presidente Prudente, conforme projeção divulgada pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista). A estimativa de pessoas portadoras do TEA (Transtorno do Espectro Autista) na cidade de 231 mil habitantes, conforme estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2022, leva em consideração o recente índice do centro e controle de prevenção de doenças nos Estados Unidos, o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), divulgado em 23 de março deste ano.

A referência é utilizada no mundo todo. O índice, divulgado a cada dois anos, apresentou aumento de 22% na prevalência do autismo, passando de 1 por 44 em 2012 para 1 por 36 no levantamento de dados de crianças até 8 anos. O neurologista brasileiro Allison Renato Muotori, pesquisador na Universidade da Califórnia, credita o crescimento da identificação de pessoas autistas em decorrência da melhora do diagnóstico e não por fatores biológicos.

Conforme a OMS (Organização Mundial de Saúde), de 1% a 2% da população mundial de 8 bilhões tem o transtorno, o que representa de 80 milhões a 160 milhões de pessoas. No Brasil, são de 2,13 milhões a 4,26 milhões da população de 213,3 milhões de habitantes. O mesmo cálculo ocorre em relação aos números de Prudente. Na rede municipal de Educação, são 456 alunos com TEA, dentro do universo de 17.634, com idade de zero a 10 anos, matriculados do berçário ao primeiro ciclo do ensino fundamental.

Conforme o coordenador municipal da Pessoa com Deficiência, Carlos Augusto de Carvalho Filho, os dados do número de alunos com o transtorno, que, em percentual, representam 2,5%, são provenientes de informações junto à Seduc (Secretaria Municipal de Educação). Outra informação relevante do coordenador é a de que já são 230 pessoas com a carteira de identificação do TEA, “uma vez que o autismo não está na cara”. A carteira pode ser obtida na sede da coordenadoria, instalada na Praça da Juventude e Longevidade Lucas Nalin Paschoalin, ao lado da UBS (Unidade Básica de Saúde) Doutor Otelo Milani Junior, mais conhecida como Cohabão.

Centro de referência

No domingo, durante a 2ª Caminhada pela Conscientização do Autismo, realizada no Balneário da Amizade, a secretária municipal de Assistência Social, Clélia Tomazini, anunciou a implantação do Crea-TEA (Centro de Referência do Transtorno do Espectro Autista), que irá funcionar em espaço a ser reformado e ampliado na Semepp (Secretaria Municipal de Esportes).

O projeto está pronto e as obras serão iniciadas em breve, para as quais o prefeito Ed Thomas (sem partido) obteve parte dos recursos com o deputado federal Vinicius Carvalho (Republicanos-SP), que destinou R$ 500 mil. A secretária disse ser muito importante atender a família que precisa de orientação e apoio quando recebe o diagnóstico.

Atividades de estímulo

Durante o evento no domingo, projeto do curso de Fisioterapia da Unoeste levou atividades psicomotoras com foco no fortalecimento, coordenação, equilíbrio, alongamento e interação social, voltadas para promover mudança no comportamento e estímulo à prática de exercícios e estimulação motora.

Estudantes do curso de Medicina fizeram coleta de dados com adultos para saber se têm alguém em suas casas diagnosticado com TEA e, em caso positivo, se frequenta escola e se faz terapia. Em três estações, proporcionaram para as crianças atividades com massa de modelar, pintura e desenhos e cabine sensorial, um espaço simulador de como o portador de TEA tem os sentidos hiper-estimulados.

Adultos tiveram a oportunidade de vivenciar a superestimulação através de fone de ouvido, som alto de pessoas falando, incômodo de lixas no lugar de etiquetas de um colete e luz da lanterna de celular direcionada aos seus olhos. Simultaneamente, tiveram que responder várias perguntas, feitas seguidamente.

Após a experiência na cabine sensorial, os sentimentos mais comuns foram descritos como "sensação horrível, falta de entendimento das coisas, grande confusão e que nunca haviam sentido o que o autista sente". “A experiência traz a consciência”, disse a tia de um portador do transtorno, a consultora de imagem e estilo Ariadne Teina Justino Alves, que faz graduação em Educação Especial e sugeriu que a atividade da cabine sensorial seja levada às escolas, a fim de que o professor possa entender por que o aluno tem dificuldade de aprender e de ficar sentado na sala fechada.

A sugestão foi feita à presidente e à diretora de marketing da Liga Universitária de Psiquiatria, Luisa de Oliveira França Teixeira e Maria Julia Lima Oliveira, respectivamente.

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