Estudo aponta falta de árvores na Avenida Brasil

“Uma possível causa para isso é o fato de proprietários dos imóveis comerciais acreditarem que as árvores atrapalham as fachadas dos estabelecimentos e a entrada e saída de veículos", declara.

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 05/06/2015
Horário 10:38
 

O professor na área de Gestão Ambiental da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Presidente Prudente, Thiago Hernandes de Souza Lima, realiza um levantamento da densidade linear das avenidas Brasil, Coronel Marcondes, Manoel Goulart e Washington Luiz, bem como do quadrilátero central. O objetivo do trabalho é fazer um diagnóstico da arborização nesses pontos e, a partir disso, apresentar um plano de manejo. Dados preliminares do estudo apontam que falta arborização na Avenida Brasil, onde existem longos trechos sem nenhuma exemplar.

Conforme contagem realizada pela reportagem, em toda a extensão da referida avenida – das proximidades do bairro Bosque até a Rodovia Raposo Tavares (SP-270) – há cerca de 80 árvores de acompanhamento viário, com exceção das que se encontram nas rotatórias existentes na via. Das outras avenidas analisadas, a Washington Luiz é bem arborizada, assim como a Manoel Goulart (do trevo até o Prudenshopping), de acordo com o professor, de modo que as partes com menor arborização são essencialmente comerciais (assim como a Avenida Brasil). "Uma possível causa para isso é o fato de proprietários dos imóveis comerciais acreditarem que as árvores atrapalham as fachadas dos estabelecimentos e a entrada e saída de veículos", declara.

 

População


Mas na opinião do dono da Auto Peças Ubukata, localizada na Avenida Brasil, Paulo Cesar Cortez, 46, uma arborização maior faz falta. "Antigamente tínhamos mais árvores, que foram retiradas por atrapalhar a entrega de mercadorias pelos caminhões", afirma.  Para o comerciante, árvores de pequeno porte não atrapalhariam a fachada dos estabelecimentos, mas contribuiriam para um visual mais agradável.

A auxiliar administrativa da Eletrofase, Carolina Bonilha Scarelli, 26, por sua vez, ressalta que as calçadas são muito estreitas e não contam com espaço adequado para plantio de árvores. "O ideal seria que diminuíssem o espaço das calçadas, deixando-as livres, e criassem canteiros centrais com árvores, como existe na Avenida Washington Luiz", defende.

A pecuarista Ana Maria Peçanha, 61, atenta ainda à necessidade de que haja um planejamento antes da arborização da via. "Isso pode contribuir com o meio ambiente e tornar aqui mais agradável, mas é necessário que se estude quais espaços podem receber árvores sem atrapalhar a passagem", diz.


Levantamento


O levantamento quantitativo e qualitativo com a contagem das árvores e identificação de problemas na arborização urbana teve início em agosto do ano passado, em parceria logística com a Semea (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) e foi finalizado no final do ano passado. Agora, está em fase de tabulação e deve ser entregue no segundo semestre deste ano.

Conforme o professor, dentre os problemas encontrados na arborização de acompanhamento viário, está o estouro de calçadas, existência de árvores com idade avançada (com perigo de queda) e distribuição irregular das espécies – ou seja, espaços com mais arborização contrapondo com outros sem árvores. Com a entrega do diagnóstico, Lima expõe que apresentará à Semea propostas de medidas corretivas como troca de calçadas e substituição de exemplares para sanar as deficiências encontradas.

A Semea, por sua vez, informou que assim que receber o levantamento, analisará as condições de aplicabilidade das propostas informadas no trabalho.

"Além disso, a intenção é realizar esse mesmo estudo em outras vias até ter um panorama da cidade inteira", expõe Lima, ressaltando ainda que, com a finalização do levantamento, não bastará apenas aplicar as medidas corretivas, mas é necessário um acompanhamento periódico para analisar a evolução das espécies, necessidade de poda e combater fungos e cupins. "A arborização afeta diretamente o ser humano no seu entorno, visto que pode trazer conforto térmico, mais qualidade de vida e embelezar a paisagem", enfatiza.

Para Lima, é necessário que a população se sensibilize para o plantio de árvores e contribua com o meio ambiente. No entanto, orienta que antes de escolher a espécie, a pessoa procure auxílio técnico sobre qual é a espécie indicada para plantio em determinado espaço. "Plantar a espécie correta pode gerar uma série de problemas como danos às calçadas e até à tubulação de esgoto", finaliza.
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