Eu acredito

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 29/08/2021
Horário 05:35

Eu acordei pensando naquela famosa abertura do Evangelho de João: no princípio era o verbo! Sabe daquelas frases ou trechos de música que te perseguem o dia inteiro? Como é grande o poder conciso das palavras… Como é bom encontrar as palavras certas quando é preciso… Como é bom não falar mais do que se deve!  
E daí o texto de hoje foi brotando. Palavra por palavra. Gota a gota.
Eu acredito no diálogo, mesmo vivendo em tempos de polissemia, dos duplos significados, das disputas de narrativas… Literalmente, diálogo significa o compartilhamento das minhas palavras com outras pessoas. Mas também acredito nas fontes renovadoras da natureza. Não é difícil imaginar como deusas a terra fértil, a lua cheia e a cachoeira na forma de véu da noiva. É o curso da vida tal qual a água que passa por debaixo das pontes. Nunca será realmente a mesma?
Eu acredito no magnetismo da atração dos corpos, seja na escala cósmica ou na sua reprodução em infinitas dimensões. Somos mesmo feitos da poeira das estrelas.  Isto não quer dizer que acredito apenas na matéria, porque também eu acredito no espírito. 
Entenda esta dupla existência como quiser. Um sopro da vida? Entidade sobrenatural, como os anjos? Princípio inteligente do universo? Energia vital que se manifesta no corpo físico?
Eu acredito no conhecimento com base nas evidências científicas. Sim, a Terra é redonda! Somos herdeiros da evolução das espécies! Os vírus e outros agentes patógenos existem! Nossa saída é a vacina! O site de busca na internet não substitui os livros, o estudo, as escolas… Mas eu também acredito nas pessoas que se entregam ao sagrado e que se emocionam com a fé. 
Não, o mundo não é compreensível apenas com as ferramentas da razão. É preciso se entregar ao poder da criação. É a criatividade que transforma o mundo. Viva a potência revolucionária da arte! E todas as formas de música e teatro de protesto…
Eu acredito que existe um jovem que habita dentro de nós. Pare um pouco… escute a sua voz. Mas eu também gosto de ouvir as histórias dos mais velhos, de seguir seus passos, de ser amparado por eles, de caminhar de mãos dadas com eles por encruzilhadas e matas fechadas. Sim, os velhinhos gostam de me contar segredos!  
Eu acredito que é a minha relação com o outro que me torna mais humano. “Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos, sou eu que escrevo o que estou escrevendo”, nos ensina Clarice Lispector. 
E você? No que você acredita?

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