Extinção de cooperativa reduz quantidade de caprinos e produtores

Após diluição da Caprioeste de Presidente Bernardes, há 2 anos, EDR de PP aponta queda na caprinocultura

REGIÃO - BIANCA SANTOS

Data 05/09/2017
Horário 13:12
Marcio Oliveira, João Cremonezi: "Dispersão das atividades de caprinocultura foi uma infelicidade"
Marcio Oliveira, João Cremonezi: "Dispersão das atividades de caprinocultura foi uma infelicidade"

Por falta de procura, o setor de caprinocultura amarga perdas no número de produtores e de cabeças de animais na região de Presidente Prudente. Conforme um dos proprietários da antiga cooperativa da cultura caprina, Domingos Cerazi Neto, desde 2015, a Caprioeste (Cooperativa Agropecuária dos Caprinocultores do Oeste Paulista) de Presidente Bernardes fechou as portas por não conseguir assistência técnica e por não obter adesão de outros associados.

Segundo o engenheiro agrônomo do EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) de Presidente Prudente, Wilson Barros, que compreende 21 municípios, desde o fechamento do estabelecimento os números de produtores e de animais operam em queda. Segundo ele, atualmente, Martinópolis é a que mais se destaca no setor, conforme dados levantados pelo órgão, possuindo 503 cabeças e 14 criadores; seguida de Presidente Bernardes, com 351 cabras e 11 criadores; e Presidente Prudente, com 228 cabeças e 11 criadores. “O fator que mais provocou a queda na motivação dos produtores da região em prosseguir na caprinocultura foi a suspensão das atividades da Caprioeste, que produzia 60 litros por dia de leite. A redução também levou à estagnação e redução no rebanho e de criadores”, acredita.

 

“Eu tive vontade de voltar à produção de leite de cabra para comercialização, porém, aposentei. Foram 22 anos da minha vida dedicados a esta atividade”

Domingos Cerazi Neto,

ex-proprietário da Caprioeste

 

Além disso, Wilson expõe que em virtude das dificuldades de organização dos produtores para beneficiamento do leite, aliado à falta de lacticínios para processamento do leite de cabra na região, a atividade ficou comprometida do ponto de vista econômico para o produtor rural, desestimulando-o a fazer investimentos no setor.

Um dos antigos proprietários da Caprioeste, Domingos Cerazi Neto, lembra que a cooperativa durou seis anos e contou com diversos membros de assentamentos de cidades vizinhas e, segundo ele, tudo o que era produzido seguia para mercados de Prudente. “A ideia de montarmos a cooperativa surgiu quando assistíamos a uma palestra que falava sobre a produção de leite de cabra, queijo e seus derivados. Resolvemos investir, mas não foi por muito tempo”, explica.

A produção do leite era feita em Presidente Bernardes, onde ficavam as cabras dos produtores. Já o processamento do produto era feito na capital do oeste paulista, na sede do laticínio que, ao todo, contava com seis proprietários. “Eu tive vontade de voltar à produção de leite de cabra para comercialização, porém, aposentei. Foram 22 anos da minha vida dedicados a esta atividade”, destaca Domingos.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Presidente Prudente e Região, João Altino Cremonezi, foi uma “infelicidade” a dispersão das atividades de caprinocultura nas cidades próximas a Prudente, visto que não há mais a procura pela criação destes rebanhos. “A Caprioeste acabou ficando cada vez mais limitada e sem condições de adquirir novas matrizes. Acredito que foi encontrada a dificuldade da comercialização do leite que, até há alguns anos, possuía procura, mas hoje não existe mais, não há demanda para atender”, considera.

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