Nos aplicativos de mensagens, os alardes são assustadores. Informações chegaram à reportagem deste diário noticiando que um homem teria falecido em Presidente Prudente em decorrência de intoxicação por metanol. O fato teria ocorrido nesta semana, após a ingestão de bebida alcóolica em um estabelecimento da cidade. Outra pessoa, ainda conforme relatos disparados em celulares, estaria internada em estado grave.
Tais casos, no entanto, não ocorreram na capital do oeste paulista, conforme o Poder Executivo e a Polícia Civil, através da CPJ (Central de Polícia Judiciária), que não efetuaram nenhum registro oficial relacionado à intoxicação por metanol na cidade, até a manhã desta quinta-feira. E a notícia boa se estende para os municípios abrangidos pelas delegacias seccionais de Presidente Venceslau e Dracena.
“A Prefeitura de Presidente Prudente, por meio da Sesau [Secretaria Municipal de Saúde], informa que, até o momento, não há casos confirmados de intoxicação exógena por metanol no município. A secretaria esclarece que mantém contato constante com todas as instituições de saúde da cidade e já encaminhou a nota técnica ‘Intoxicação Exógena por Metanol’ para auxiliar na identificação e no manejo de situações suspeitas”, destaca a administração municipal.
A Sesau ainda ressalta que reforça a prontidão da rede para atender qualquer paciente que apresente sinais ou sintomas compatíveis com o quadro de intoxicação após o consumo de bebidas alcoólicas.
Mortes do Estado
Até esta quarta-feira, o governo estadual tinha catalogado seis mortes por suspeita de intoxicação por metanol. Uma dela foi comprovadamente causada por consumo de bebida alcoólica adulterada e as outras cinco continuam em apuração, indica a Agência Brasil. Os municípios em que ocorreram os óbitos, no entanto, não foram listados. Foram notificados 37 casos de intoxicação pela substância, sendo que, em dez, houve a confirmação da presença de metanol no sangue da pessoa contaminada. Vinte e sete casos ainda estão em investigação no território paulista.
As autoridades sanitárias anunciaram uma força tarefa e interditaram seis estabelecimentos cautelarmente no Estado: quatro na capital paulista, um em São Bernardo do Campo, e um em Barueri. Uma distribuidora de bebidas teve a inscrição estadual suspensa preventivamente e outras três estão com a situação sob análise para suspensão.
No total, tinham sido apreendidas, até esta quarta-feira, 802 garrafas de bebidas alcoólicas e 128 mil garrafas de vodca foram lacradas em Barueri. Em Americana, duas pessoas foram detidas e 17,7 objetos utilizados na falsificação de bebidas foram apreendidas.
“O governo de São Paulo segue mobilizado nas investigações e medidas de precaução após os casos de contaminação por metanol relacionados a bebidas falsificadas. Um gabinete de crise foi instaurado na terça-feira para intensificar as ações”, anunciou a Agência de Notícias do Estado.
Alerta à saúde
A SES (Secretaria de Estado da Saúde) emitiu um alerta aos profissionais de saúde sobre o risco de intoxicação por ingestão de metanol. O aviso foi realizado por meio do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) e do CVS (Centro de Vigilância Sanitária) e apontou que a substância pode estar presente em bebidas alcoólicas clandestinas ou adulteradas e, por ser altamente tóxica, pode levar à cegueira permanente e até a óbito.
O alerta divulgado aos serviços de saúde do Estado reforça que os sinais e sintomas costumam aparecer entre 6 e 24 horas após a ingestão e incluem: sonolência, tontura, dor abdominal, náuseas, vômitos, confusão mental, taquicardia, visão turva, fotofobia, convulsões e acidose metabólica. Nos casos mais graves, pode haver cegueira irreversível, choque, pancreatite, insuficiência renal e comprometimento neurológico.
“O paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve ser avaliado imediatamente e realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica. O alerta emitido traz orientações técnicas sobre a conduta clínica a ser adotada nestes casos”, ressalta a Agência SP.
De acordo com o CVE, todo caso suspeito deve ser imediatamente registrado no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) e comunicado ao CIEVS (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde), para viabilizar as investigações epidemiológicas e evitar novos casos de intoxicação.
Para apoiar os profissionais de saúde no manejo e discussão de casos, o CVS disponibiliza os CiaToxs (Centros de Assistência Toxicológica), que oferecem orientação técnica especializada. Os contatos estão disponíveis no portal da SES.
Agência Brasil: Arte intoxicação